Um assunto que ainda não abordei aqui no blog, é a informática. E olha que é um hobby antigo. Comecei em 1993, quando ainda estava no quartel.
Comecei a desbravar esta "ciência exata" guiando um PC 386SX com 2 mega de RAM e sem HD. Em um gabinete com duas unidades de disquetes 5 1/4 usava-se uma para dar o boot (iniciar o PC) com MS-DOS 5.0 e a outra unidade se utilizava para rodar os programas (Lotus 1-2-3, Wordstar, Redator, Formax, Banner, Qbasic, Quattro Pro, Stunts, Gorila Bass, Prince of Persia, Out of this World). Bons tempos aqueles...
Como tinha afinidades de colecionador (quadrinhos) com o meu comandante da época (Cap. Gomes da Costa) fui beneficiado a ir trabalhar na sargenteação e a curiosidade nata me fez logo pular para poder a utilizar o único computador do quartel naquela época. Ele também era apaixonado por computadores e juntos logo começamos a planejar os upgrades da máquina. Aumentamos a memória para 4 mega de RAM e acrescentamos um HD imenso de 40 mega (é mega mesmo, gigabyte naquela época era um universo inalcançável).
Logo começaram a aparecer outros PC's pelo quartel, e eu era o desbravador. Era chamado para testar, instalar, dar as primeiras dicas e recomendar ou não a compra. Tive de avaliar muitos XT's e 286.
Nesta época aprendi muita coisa com meus parceiros de pirataria e hackeação, Henry Escobar e André Lima. Chegamos até mesmo a comprar um PC de forma comunitária, apenas para poder jogar, entre outras coisas, o jogo Rebel Assault, que era uma aventura baseada nos filmes de Star Wars, e Mortal Kombat (o primeiro). Tudo isso começou pois foi em 1994 / 1995 que começaram a aparecer com preços mais acessíveis aqui no Brasil os famos Kit's Multimídias (quem viveu este período sonhava em ter um). Que nada mais era do que um Leitor de CD's (ele não gravava nada) e uma placa de som, geralmente os Kits eram da Creative com placa Sound Blaster 16 bits. O PC havia deixado de ser mudo.
Ganhei também a oportunidade de fazer cursos muito bons no CEINFOR (Centro de Informática do Exército) em Porto Alegre. Aos quais devo muito conhecimento.
Com a ousadia no auge, dei meu primeiro curso de informática na RGA, lá por 1995 ou 1996. Um curso de uma semana de Lótus 1-2-3, que utilizava no quartel para fazer a folha de pagamento dos soldados. Foi o passo final para me apaixonar de vez pela informática. Um hobby que veio para ficar. Logo estava dando aulas a noite. Introdução à microinformática, MS-DOS (lembram dos arquivos .bat e das mágicas que fazíamos com eles, deixando quem não tinha intimidade com as linhas de queixo caído??), WordStar, Lótus 1-2-3 e finalmente Windows 3.1. O mundo das janelas havia chegado. Ressalto aqui grandes amigos e colegas professores, Marcio Furtado, Anderson, Claudio, etc...
Os cursos Qualificar-RS e RS_Emprego foram um desaperto financeiro na época das férias no quartel. Dando aulas pela manhã, tarde e noite. Acho que devo ter formado, apenas nesta época uns 500 alunos, muitos dos quais ainda hoje tenho como amigos que ainda me procuram para um conselho, uma dúvida, uma manutenção, ou mesmo apenas um bate-papo, seja no portão de casa ou dentro do supermercado.
Lembro da minha frustração em 1995 quando devorei uma reportagem da revista Veja que falava da chegada comercial da Internet ao Brasil. Euforia pois ela estava chegando, frustração pois era somente por linha telefônica e ela ainda era rara e muito cara em nossa cidade. Não tínhamos em casa uma ainda. Na verdade eu nem tinha PC próprio ainda. Usava os do quartel e os da RGA. Ficava muitas vezes após o horário somente para poder ficar mexendo nas máquinas.
Nesta época eu imaginei criar o primeiro provedor de acesso da cidade. Mas se nem PC eu tinha, muito menos capital para tanto. Não demorou muito e surgiu a Bolacel Internet e em seguida a InsideNet. Que inveja que tive.
Se me frustrei com a internet no começo, me orgulhei de ter comprado (através do quartel) a primeira cópia do Windows 95 na cidade. No dia do lançamento comprei uma na Digímer em Porto Alegre e a instalei no outro dia quando cheguei. Eram, se não me engano 9 disquetes de 1.44 Mb, com proteção contra cópia (que logo aprendi a quebrar e fiz dezenas de cópias para os amigos e para vender algumas).
Mas aí a coisa começou a expandir. Pouco antes de sair do quartel, lá pela metade de 1996 comprei meu primeiro PC. Lembro até hoje da configuração. Era um 486 DX4 100 Mhz com 8 mega de RAM, HD de 540 Mega e Kit Multimídia 8X da Creative. A máquina dos sonhos. Também foi somente o começo dos inúmeros upgrades e melhorias que sempre quiz fazer. Além de colocar muitas idéias em práticas.
Até hoje minha esposa comenta que eu tenho as boas idéias, apenas não consigo lucrar muito com elas. Será? Fui o primeiro a converter fitas cassete e LP's de vinil para CD aqui na cidade (pelo menos até onde sei). Pioneiro em gravar e vender CD's com jogos e programas (isso nem se imaginava que um dia teria a disposição na baixada ou na internet). Mais a frente também fui pioneiro no Divx aqui na cidade. Cheguei até a vender filmes em CD para serem assistidos no computador. Mas isso lá quando eu era pirata e o DVD ainda era uma novidade, como hoje é o Blu Ray. Depois me regenerei.
Mesmo assim, fiz com estes conhecimentos trabalhos oficiais. Converti os antigos LP's da Califórnia para CD, a pedido da própria diretoria da mesma. Reproduzi inúmeras matrizes de CD's para cantores e corais aqui da cidade, alguns em parceria com o grande amigo Sherer (Choio), onde conseguíamos muito mais qualidade em seu estúdio. Fiz muita arte gráfica no CorelDraw. Capas de CD's eram a especialidade, mas tinha muito cartaz e cartão de visitas.
Muita venda de micro e peças vindas do Paraguai. Muita manutenção. Muito aprendizado no ato da manutenção. Mas no começo sempre foi assim mesmo. Redes de computadores eram um mistério. Destestava aqueles cabos coaxiais e seus conectores. Fazer backup em Zip Drive então, era uma lentidão só.
Momento inesquecível, foi quando adquirimos nosso primeiro link de internet 24 horas na empresa onde trabalho até hoje. Foi lá no ano 2000, contratamos um LP (linha privada) da BrasilTelecom, com velocidade de 28.800 Kbps. Conseguia fazer downloads a 3 ou 4 Kbps, uau. Mas graças a ela muito mais coisas pude aprender. Além de devorar livros em celulose, devorei muita página de internet. Fiz algumas poucas, mas as fiz no bloco de notas.
Dois livros a destacar sobre informática que os li e ainda os possuo:
- O Pirata Eletrônico e o Samurai - Sobre a história do Kevin Mitnick, o maior cracker da internet na época e que figurou entre os 10 mais procurados pelo FBI,que invadiu o Norad (Comando de Defesa Aérea dos Estados Unidos) e sua caça e prisão pelo hacker Tsotonmo Shimamura, que até filme virou ("TAKEDOWN").
- Watchman - A Vida Excêntrica e os Crimes do Serial Hacker Kevin Poulsen - Este é muito melhor e conta a história de um hacker com muito mais conhecimento e habilidade técnica, além de ser um livro muito superior. Este além de 100% verídico, o utilizei em um trabalho escolar. Recomendados ambos, mas este é muito melhor.
Adorei esse assunto. São curiosidades que muitas pessoas nem imaginam como poderia funcionar um computador com 2 MB de ram
ResponderExcluirVerdade amigo, coisas que apenas quem viveu esta época pode compreender bem. E mesmo assim, a gente não reclamava, cada aprendizado era suado, mas valia a pena.
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