domingo, 15 de maio de 2011


Você tem a real noção do que são 10 anos? Pois bem, eu tenho. E principalmente pois minha filha completou seus 11 anos a menos de 10 dias. Isso quer dizer que 10 anos é praticamente a maior parte da vida dela. Em 10 anos muita coisa acontece, muito se aprende, muito se ensina, muitas alegrias. É tempo demais.
Há 10 anos atrás as torres gêmeas do World Trade Center ainda estavam em pé e Bin Laden era um desconhecido para a maior parte do mundo, o Brasil ainda era Tetra Campeão Mundial e Ronaldinho, o fenômeno se consagrou como o maior artilheiro na história das copas.

Pois bem, há 10 anos eu ainda não possuía internet em casa e mesmo em nossa cidade a internet disponível era discada. Na empresa onde trabalho até hoje, 10 anos atrás buscamos nossa conexão de internet dedicada com empresas de fora. Inicialmente com uma Linha Privada da Brasil Telecom, com velocidade de 28.800 Kbps (K) que era suficiente para sustentar nosso tráfego de e-mail da época, de menos de 20 funcionários, mas em 2001, exatos 10 anos, fizemos o upgrade de link para uma conexão via rádio da Vant Comunications de 64,4 K. Uma verdadeira revolução na época. Eles já vendiam velocidades de até 256K, mas o preço era proibitivo, mesmo para empresas.

Nesta época, tomei conhecimento de uma nova série que estava sendo lançada, chamada Smallville. Conheci através da Revista SET que comprava mensalmente.  A premissa do seriado era interessante e trazia uma abordagem até então inédita, contar os anos da adolescência do jovem Clark Kent, o homem que um dia viria a se tornar o Superman. Como já contei diversas vezes, Superman foi o primeiro filme que assisti no cinema e isso me marcou. Me fez ser leitor de suas histórias nos quadrinhos, assistir seus demais filmes e aprender muito a seu respeito e de sua mitologia. Mesmo não sendo um especialista (como fui com os X-Men) conheço muito de sua história e a acompanhei nos quadrinhos, principalmente a parte da reformulação de John Byrne pós Crise nas Infinitas Terras.

Bom, quem for um pouco mais velho e ainda se lembrar, houve um seriado pouco difundido chamado Superboy nos anos 80. O SBT se via encurralado pelas series japonesas da manchete e da globo e acabou trazendo uma série do Superboy muito legal, produzido pelos irmãos Salkind, os mesmo dos filmes do Reeves.
Clique e veja o elenco da primeira temporada

A coisa toda era bem produzida e bem no estilo dos filmes, inclusive os mesmo efeitos, o que me deixou mais perplexo ainda é q não foi produzido pela Warner e sim pela Disney, pois os Salkind não tinham mais uma "relação" boa com a WB, e como todos os direitos cinematográficos e de TV relacionados ao Super eram deles eles levaram o projeto a Buena Vista, o que foi show de bola mesmo. A história era muito parecida com a de Smallville, tem todos os personagens ligados ao super, a diferença é que o roteiro era bem infantil (assim como os filmes III e IV) e o Superboy era o Superboy, de uniforme e tudo. Mas série em si não fez tanto sucesso e mesmo assim durou de 1988 a 1992. Vale destacar que o ator que fazia o Superboy foi substituído no decorrer da série.

Mas chega de recordações, vamos a Smallville:

Smallville é um seriado que conta a história do adolescente Clark Kent nos seus dias antes de se tornar o Superman. Na cidade começaram a acontecer coisas muito estranhas com a sua chegada, em uma nave, no meio da chuva de meteoros. Clark tem que aprender a controlar seus super-poderes, mantê-los em segredo e lidar com pessoas afetadas pelas pedras verdes (Kryptonita). Tudo isso enquanto tenta levar uma vida normal de adolescente, na qual tem como amigo Lex Luthor, Pete Ross, Chloe Sullivan e sua grande paixão, Lana Lang.

Além desta descrição, ainda cabe uma descrição que se tornou famosa sobre o seriado. A Warner Bros, já detentora novamente dos direitos para TV e cinema, pretendia em breve relançar a franquia do Superman nos cinemas e tinha receio de que os fãs da série criticassem os filmes caso eles fossem muito diferentes da série, então colocou duas restrições básicas que nortearam a série ao longo dos seus 10 anos: Sem uniforme e sem vôo.

Como comentei no início do post, não possuía internet em casa nesta época e não assinava TV a cabo. Então só conheci a série quando o SBT passou a exibir os episódios. Na verdade não dei atenção à série no seu começo. Logo achei que seria infantil como a anterior e não procurei vê-la. Até que um certo domingo ao trocar de canal ela estava sendo exibida. Foi assistir e gostar. Eu estava muito enganado e então passei a tentar me informar sobre a série e descobri que estava terminando a primeira temporada. Assisti alguns episódios avulsos e assim que foi lançada, comprei a caixa de DVD's com a primeira temporada completa.  Foi o primeiro Box que comprei. De saída uma decepção, como conheci a série pela TV aberta estava acostumado com as vozes dos dubladores brasileiros e o box foi lançado apenas com o som original. Mesmo assim devorei a série. Minha irmã Bruna também conhecia e assistia a série, assistimos muitos episódios juntos.

O episódio Piloto é fantástico. Um dos mais caros já produzidos na sua época, com efeitos especiais impressionantes para a TV e uma produção de primeira, com ótimas imagens e uma trilha sonora fantástica. Logo no primeiro episódio vemos a chegada do pequeno Kal-El a terra em sua nave e que uma chuva de meteoros, fragmentos de seu planeta, o acompanhou. No meio do caos que a chuva de meteoros causou, muita destruição, ele acaba sendo encontrado pelo casal Johnatan e Martha Kent. Vemos também o jovem Lex Luthor ser afetado pelos meteoros e temos daí a explicação para sua calvície. O segundo episódio, Metamorfose, é extremamente ligado ao primeiro e mantém o nível de qualidade lá em cima, bem ao estilo Arquivo X. Quando um estudante de insetos, foi afetado pelos meteoros e acabou desenvolvendo as habilidades dos mesmos. Como possuía uma personalidade distorcida, acabou se tornando um perigo aos moradores da cidade e aos amigos de Clark. Vale a pena reassistir. Logo neste começo, conhecemos a amiga de infância de Clark, não, não estamos falando da Lana Lang, mas sim da Chloe Sullivan que não existe nos quadrinhos, foi criada exclusivamente para a série e conquistou seu espaço. Teve sua criação nos quadrinhos cogitada baseada no sucesso da personagem na série. Foi, talvez, junto com Clark, protagonista da série em boa parte da mesma.

Nesta primeira temporada destacam-se os novos poderes que Clark descobre, como a visão de raio-x e as relações amorosas muito bem desenvolvidas. Clark é apaixonado por Lana, que possui um namorado. Já Chloe é apaixonada por Clark que a trata como sua melhor amiga. Bem coisa de colegial mesmo. Mas ver estes fatos acontecendo com o Super-homem é que é interessante. Pois sabemos o mito que ele se tornou, o escoteiro supremo todo certinho, e ver como ele lidaria com isso em sua juventude é um deleite.

O que começou a cansar na série, ainda lá pela metade da temporada é que a coisa começou a ficar repetitiva. A história sempre focava em alguém que fora exposto aos meteoros e essa pessoa desenvolvia alguma habilidade. Claro que isso acabava envolvendo Clark e ele resolvia o problema no final. Por conta disso a série teve muitos episódios chatos, mas os produtores perceberam isso a tempo e logo o grande amigo de Clark, Lex Luthor passou a ter um papel maior e de destaque no seriado. o que nos leva a muitos episódios excelentes. O final da primeira temporada é muito bom e nos deixa com aquela sensação de desespero ao final sem saber o que acontecerá a seguir, além de termos de esperar meses até a próxima temporada.

A segunda temporada trouxe muitas novidades a série. Novas situações, novos personagens e novos poderes: visão de calor. Trouxe também mais mitologia dos filmes e quadrinhos, como a nave que o trouxe a terra tendo um papel de destaque. Sua relação com os pais também é muito explorada e passamos a entender como ele desenvolveu seu senso de valores e integridade. Conhecemos nesta temporada a kriptonita vermelha, um tipo diferente de pedra de meteoro e seus efeitos sobre Clark. Ao invés de enfraquecê-lo, ela remove suas inibições e afeta suas emoções, fazendo surgir o bad Clark. Excelente episódio.

Nesta temporada Clark também revela seus poderes a seu melhor amigo, Pete Ross o que acabou gerando novas situações interessantes no decorrer do ano todo e da vida deles na escola. Começamos a conhecer também algumas empresas e instituições famosas dos quadrinhos, como o Summerholt, que lida com a mente e terá importante influência sobre a série em temporadas e episódios futuros. Mas a melhor parte deste temporada e de toda a série, é o surgimento do Dr. Virgil Swann, um cientista brilhante que tem uma mensagem para Clark, interpretado por ninguém menos do que Christopher Reeve, o eterno Superman do cinema.

Enfim, uma temporada excelente, ainda melhor do que a primeira, com um final inesperado.

Na terceira temporada as coisas mudam de figura, e para melhor. Talvez seja essa a melhor temporada de Smallville. Cheia de episódios fantásticos, situações incríveis e contando sempre com ótimos efeitos especiais. São inúmeras referências a situações vivenciadas nos quadrinhos. Tendo, ao meu ver, no episódio "Relíquia" um dos melhores de toda a série e que acabou por semear eventos que seriam explorados em temporadas vindouras. Temos aparições especiais como a do jornalista Perry White ainda sem ser editor daquele famoso grande jornal. Temos o criminoso Morgan Edge e suas tramóias e a original idéia gerada a partir do sangue de Clark, com eventos inesperados. Uma temporada inigualável. Destaco nesta época minha filha, que começou a acompanhar a série comigo. Não tão assiduamente, mas que se apaixonou por alguns episódios, chegando a assistí-lo incontáveis vezes. O episódio 7, Magnetismo que se passa, grande parte, em um parque de diversões era o favorito dela.

A quarta temporada teve a difícil missão de manter a qualidade da anterior.
E começa pegando pesado, de uma maneira criativa, quebrando com um paradigma da série. Clark voa. Na verdade o corpo kriptoniano de Clark possui o poder de voar, mas ele não sabe como fazer isso ainda. No episódio inicial ele está dominado pelo seu lado kriptoniano e consegue voar. As cenas e os efeitos especiais são muito bem feitos e se tornaram inesquecíveis. Mas isso só aconteceu neste episódio. A temporada toda foi permeada por altos e baixos. Tendo episódios muito bons e episódios fracos. Os primeiros foram muito promissores e mostraram um Clark levando uma vida normal devido a eventos ocorridos no primeiro episódio. E claro, temos a chegada de uma nova personagem, Lois Lane que ditou um novo ritmo a série, apesar de mais uma vez, subverter a cronologia conhecida dos quadrinhos. Sem falar do sensacional episódio onde aparece, pela primeira vez, o Flash.

Neste ponto, eu comecei a ter acesso a internet com banda larga e pude acompanhar os episódios praticamente junto com os americanos. Agora já acostumado e preferindo o som original ao invés da nossa dublagem, que apesar de muito bem feita é inferior ao som original. Mesmo assim, continuei comprando as caixas com os DVD's de cada temporada.

A quinta temporada marca a ruptura da amizade que Clark e Lex mantinham até então. Ela se abalou antes, no final da terceira temporada, mas foi aqui que ela rompeu-se mesmo e cada um começou a trilhar seu caminho. Tivemos nesta temporada o episódio de número 100 da série, que considero um dos melhores já feitos. A primeira metade do episódio trouxe tudo aquilo que todos os fãs esperaram para ver, foi incrível e muito bem feito. Ao final, foi um episódio emocionante e triste.

 Infelizmente, a partir daqui eu considero que a série começou a decair. Apesar de ainda produzir alguns episódios muito bons, a maior parte das temporadas 5, 6, 7 e 8 foram bastante inferiores às primeiras. Tivemos muitas participações especiais, muitos personagens do universo DC aparecendo, até mesmo um preview da Liga da Justiça, mas mesmo assim as histórias e o roteiro em si ficaram mais fracos. Provavelmente porque seus idealizadores e produtores já haviam chegado ao fim das histórias que gostariam de contar, mas como a série ainda dava muito lucro para o canal CW, eles foram impedidos de fazer o final da série, que culminaria com a transformação de Clark em Superman e ao receberem ordens para continuar, Alfred Gough e Miles Millar deixaram a série, que foi então assumida por novos produtores e roteiristas que possuíam novas histórias a contar. A partir da metade da oitava temporada e durante toda a nona temporada o sangue novo no comando da série trouxe bons frutos e novas boas histórias apareceram, conseguindo recuperar parte da audiência perdida.

Finalmente na décima e última temporada o enredo fluiu muito bem e a temporada inteira foi muito boa, com diversas referências ao universo DC e aos filmes do Super. O caminho de Clark estava chegando ao fim. Era hora de deixar de ser um simples "Borrão" e passar a ser a luz que no universo DC inspirou o surgimento de todos os demais heróis. Clark não seria mais o adolescente inseguro e se tornaria finalmente aquele que guiaria o universo DC às suas maiores glórias.

O episódio final foi um episódio duplo, transmitido em uma única noite, com 2 horas de duração, considerando os intervalos. Foi ao ar nesta sexta-feira 12 de maio de 2011. Não foi perfeito, mas nos permitiu relembrar as temporadas anteriores, o começo, os bons episódios, as boas histórias, rever personagens há muito ausentes. Fechou arcos de personagens de maneira muito bem pensada e nos brindou com a música tema de John Willians, os acordes inesquecíveis que nos fazem lembrar do Super-Homem no cinema. Não foi o melhor de todos os episódios, mas fica entre os melhores. Uma pena foi o Clark ter muito pouco espaço em cena com o uniforme. Ele deveria ter sido melhor explorado, ter sido mostrado com mais detalhes, mas a cena final valeu por todos os anos de espera.
Tom Welling e os Super anteriores

Voe Clark, e que o próximo filme do "Azulão" que está sendo desenvolvido, nos traga a nostalgia e as lembranças de um tempo em que as pessoas precisavam acreditar em heróis; e que esses heróis tinham uma referência inconfundível. Alguém para quem todos olhavam e se inspiravam.
Com certeza irei rever alguns episódios, relembrar algumas cenas. Se rever uma série inteira é praticamente impossível (Lost é exceção, claro), rever alguns episódios para apreciar detalhes é obrigação!
Pelas suas primeiras temporadas, leva um 9. Pelas intermediárias e mais fracas, leva um 5 ou um 6. Na média, um 7,5 está de ótimo tamanho.
Flash, Arqueiro Verde, Clark, Aquaman e Cyborg


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