Na semana passada finalmente consegui um tempo livre para ir
ao cinema conferir este que era um dos filmes mais esperados do ano. Eu mesmo
era um dos que o aguardavam com muita ansiedade, uma vez que gosto muito dos
filmes anteriores.
Coincidência triste, é que esta foi a última sessão que pude
acompanhar em nosso cinema, que nesta segunda-feira foi fechado, mais uma vez.
A desculpa é que em seu lugar (re)ssurgirá (desculpem, não resisti ao
trocadilho) um teatro novo e inédito em nossa cidade. Até aí tudo bem, mas e
nós, amantes da sétima arte?
Sinopse:
Oito anos após a morte de Harvey Dent, a cidade de Gotham
City está pacificada e não precisa mais do Batman. A situação faz com que Bruce
Wayne (Christian Bale) se torne um homem recluso em sua mansão, convivendo
apenas com o mordomo Alfred (Michael Caine). Um dia, em meio a uma festa
realizada na Mansão Wayne, uma das garçonetes contratadas rouba um colar de
grande valor sentimental. Trata-se de Selina Kyle (Anne Hathaway), uma esperta
e habilidosa ladra que, apesar de flagrada por Bruce, consegue fugir. Curioso
em descobrir quem é ela, Bruce retorna à caverna para usar os computadores que
tanto lhe serviram quando vestia o manto do Homem-Morcego. Aos poucos começa a
perceber indícios do surgimento de uma nova ameaça a Gotham City, personificada
no brutamontes Bane (Tom Hardy). É o suficiente para que volte a ser o Batman,
apesar dos problemas físicos decorrentes de suas atividades como super-herói ao
longo dos anos.
Assim como muitos outros garotos da minha faixa etária, eu
cresci assistindo Batman. Lia diversos heróis em quadrinhos, mas assistir
mesmo, eram apenas 2 com mais frequência. Era o desenho animado do Homem Aranha
e as reprises do seriado do Batman de Adam West e o desenho animado. E como eu
adorava. Antes mesmo de começar a frequentar o colégio já acompanhava as muitas
aventuras da dupla dinâmica contra os mais diversos inimigos e com dezenas de
onomatopeias que em nada nos incomodavam.
Naquela época, ver o Batman puxando dados do seu Mainframe e
ver todas aquelas luzes piscando e a perspicácia do nosso herói nos satisfazia
e nos deixavam viajar diariamente para Gothan City.
Depois dos altos e baixos da franquia no cinema nos anos 90,
finalmente Chris Nolan deu uma revigorada no morcegão que há muito tempo ele
precisava. Tudo começou com o ótimo Begins que foi solidamente alicerçado em
algo que faltava nos filmes anteriores: uma dose maciça de realidade. Este foi
o foco, acima da fantasia e do mito, era mostrar que o Batman era quase real. E
ele conseguiu. Mesmo no segundo e maior filme da franquia isso ainda pontuava o
filme e não nos deixava fugir da sensação de realidade e pés no chão.
Ela quase roubou o filme |
A nova e aguardada derradeira aventura do Cavaleiro das
Trevas de Nolan chegou com muitas promessas e expectativas lá no alto. E eis
que o filme é muito bom e consegue cumprir a maioria delas. Os efeitos
especiais estão muito bons, como era de se esperar. A cena inicial do sequestro
aéreo é excelente e, se não fosse divulgada à exaustão nos trailers e
divulgações, seria totalmente inesperada. O tom sombrio dos filmes anteriores
continua presente. Os atores, com destaque para a bela Anne Hathaway, estão em
sua maioria, muito bem em seus personagens. Um ponto a se lamentar é o pouco
espaço em cena do sempre ótimo Michael Caine e do irretocável Gary Oldman.
Porém, ao meu ver, a missão não foi completada totalmente.
Faltou algo ao filme. Não sei dizer se era expectativa demais, mas o filme não
empolga a não ser no seu ato final.
Não estou dizendo que o filme seja ruim, muito longe disso,
porém se o filme funciona na maior parte da fita, ele nos deixa um sentimento
de que algo ficou faltando. O filme é longo demais (2:45h) e mesmo assim
algumas coisas são mal dimensionadas. A introdução é longa demais e o final
corrido demais. Nolan não soube perceber que a despedida do morcego era o que
queríamos degustar com mais calma. Por isso é a parte que empolga realmente.
O filme, assim como os anteriores, possui suas falhas, é
claro. Mas aqui elas são evidentes demais. Para um diretor que apostou no
realismo e coerência, ele acabou se perdendo em pontos cruciais que, ao meu
ver, jogaram contra ele próprio. Algumas incoerências que incomodam, tentando
não entregar surpresas aos desavisados, são: a debilidade inicial do personagem
em contraste com o final do filme anterior, o efeito muito duradouro dos atos
dos filmes anteriores em relação à criminalidade, o rápido retorno à capa do
Batman, a luta totalmente desigual com Bane, sua cura da forma e no tempo em
que se deu, a luta final com o vilão e o principal pra mim, a incoerência de
aceitar que uma cidade americana fique tomada por terroristas por longos 5
meses. Estes fatos jogam contra o histórico criado nas aventuras anteriores.
É claro que todos estes pontos podem ser discutidos e talvez
até contornados com boa vontade, mas o fato é que da maneira como postos no
filme acabaram me incomodando. Não a ponto de desgostar do filme, jamais, mas o
suficiente para que o considere o mais fraco entre os 3 filmes. Mas isso não é
demérito, na verdade é um elogio aos dois anteriores que me conquistaram e me
levaram de volta à sala escura para ver o final da saga.
Luke, I am your father, ops... |
Há outros pontos do filme que poderiam ser comentados, como
a participação e personagem de Joseph Gordon-Levitt, o final ao estilo
Inception ou ainda o novo veículo do Batman, mas vamos deixar estes comentários
para uma boa conversa entre amigos, e com toda certeza, no próximo almoço que
teremos entre uma velha turma de bons amigos que apreciam os filmes,
quadrinhos, personagens, etc...
Com toda certeza irei adquirir o Blu-Ray do filme e assistir
em alta definição, mas não poderei dar a ele a nota que eu imaginava.
Leva uma nota 8,5 sem dúvida. Quem sabe em uma segunda conferida
e com menos expectativas possa rever, mas hoje, é o que considero justo a ele.