Ficção-científica é um dos meus gêneros de filme favorito.
Porém como o gênero é amplo, existem muitos filmes de ficção diferentes demais uns dos outros e que não parecem ter muita relação entre si, o que pode gerar
muitas histórias interessantes. Infelizmente muitas vezes os estúdios querem
apenas explorar o gênero ou o nome de algum diretor famoso sem preocupar-se
muito com os roteiros e histórias. Creem que, muitas vezes, um trailer bem
feito ou cartazes bastante sugestivos podem substituir uma boa história. O que
não é real. Muitas vezes mesmo boas histórias mal desenvolvidas não resultam em
bons filmes, e aqui poderíamos citar dezenas de nomes. Mas deixo apenas um, com
diretor, atores e produção de primeiro nível, além de uma boa ideia original,
que não conseguiu se desenvolver o suficiente para resultar em um bom filme: Fim
dos Tempos (The Happening).
Felizmente não é o que acontece aqui, onde temos um filme muito bem estruturado, com ótimas idéias, roteiro bem desenvolvido e excelente elenco e diretor. Talvez o resultado final não agrade aquele que espera apenas mais uma ficção banal. Porém aqueles que gostam de excelente ficação científica, se darão por muito satisfeitos.
Sinopse:
2089. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Logan
Marshall-Green) são exploradores que encontram a mesma pintura em várias
cavernas na Terra. Com base nisto, eles desenvolvem uma teoria em que a pintura
aponta para um lugar específico do universo, que teria alguma relação com o
início da vida no planeta. A dupla convence um milionário, Peter Weyland (Guy
Pearce), a bancar uma cara expedição interestelar para investigar o assunto.
Desta forma, Elizabeth e Charlie entram para a tripulação da nave Prometheus,
composta pelo robô David (Michael Fassbender), a diretora Meredith Vickers
(Charlize Theron), o capitão Janek (Idris Elba), entre outros. Todos, com
exceção de David, hibernam em sono criogênico até que a nave chegue ao
objetivo, o que acontece em 2093. Encantados com a descoberta de um novo mundo
e a possibilidade de revelarem o segredo da origem da vida na Terra, Elizabeth
e Charlie não percebem que o local é também bastante perigoso.
Uma das primeiras experiências com a (boa) ficção de que me
lembro é o filme “Alien”, que no Brasil ganhou o subtítulo de “O oitavo
passageiro” de 1979 feito pelo mesmo diretor de Prometheus. Filme fantástico e
que despertou milhares de pessoas para um novo patamar da ficção naquela época.
Até hoje é elogiado pela crítica e público, sendo considerado uma obra de
referência no assunto. Agora o diretor retorna ao universo criado na época e tenta matar nossa curiosidade com as perguntas que foram criadas anos atrás. Porém, para responder velhas perguntas, novas foram criadas.
Aqui temos um filme de ficção com “F” maiúsculo. Apesar de
muito esperado e cercado de expectativas, o filme não decepciona. Não agrada a
todos com certeza, mas ele tem seus méritos e merecem serem destacados.
A construção do ambiente geral do filme é muito bem feita.
Começa devagar, sem pressa, mas sem jamais perder a nossa atenção. O
posicionamento dos personagens no cenário geral não é algo “barato e sem
sentido”, mas muito bem pensado e desenvolvido de maneira satisfatória. Fazia
algum tempo que não desfruta de uma construção neste sentido que prendesse
minha atenção e não deixasse desgrudar os olhos da tela esperando pelo próximo
ato. Se foi causado pela expectativa que eu já possuía em relação ao filme, ou
seja resultado da competência da equipe de produção e elenco em momento algum
isso é demérito do filme, muito pelo contrário.
Engenheiro ou Space Joker? |
Michael Fassbender vivendo o androide David está fantástico.
Comprova o talento que ele tem demonstrado a cada novo filme em que participa e
nos entrega um personagem intrigante, que muitas vezes nos faz lembrar o androide
lá de 1979, então interpretado por Ian Holm e seu Ash. Entrega veracidade e nos
faz crer em sua interpretação, deixando todo restante do elenco um passo atrás.
E é David quem nos guia pela história do filme conhecendo os
demais personagens e suas intenções. Mas mais do que isso, parece ser ele quem
guia a todos nos questionamentos que movem o filme, além de ter participação
ativa nos atos que culminarão no clímax do filme.
Fassbender em mais uma atuação brilhante, conquistando o mundo |
Prometheus é meio que filosófico, com cara de ficção
científica e tem momentos muito tensos. O filme pode te manter atento do início
ao final e, principalmente, depois de assistir. A história é basicamente sobre
uma equipe na nave Prometheus que vai até um planeta distante procurando
entender de onde nós viemos, cada um com as próprias perguntas e enfrentando a
própria luta por respostas. O filme pode ser visto em três partes: introdução,
descobertas e desespero. Todas elas envolvidas por questionamentos no estilo
"religião vs ciência", mas não o clichê. Na verdade, a história é
mais sobre buscar respostas do que as respostas em si. Totalmente indicado para
quem está com saudade da ficção científica, mas não vá pelo terror e não espere
uma história padrão. "Esse é um filme que muita gente vai gostar
enquanto muita gente vai achar ruim..." já alertava Ridley Scott ao
público nas entrevistas que dava durante a produção do filme.
Existem momentos e cenas que nos fazem perceber que Ridley
Scott não tem a mesma competência da época de Alien e de Blade Runner, mas são
poucos momentos, sem falar em spoilers, vide a cena “pós-parto” que acaba por
desafiar nossa inteligência. Mas mesmo com estes momentos, o filme é muito
superior a milhares de outros filmes genéricos de ficção que temos ano a ano
sendo lançados.
O filme lança diversos questionamentos, alguns,
propositalmente sem respostas, que nos remetem à clássicos da ficção, como
2001: Uma odisseia no espaço, do mestre Kubrick e alguns outros, que a discussão
pós filme estende-se por horas a fio. Um pouco de 2001 com inspiração no livro “Eram
os deuses astronautas” e mais algumas fontes podem resumir bem o que esperar do
filme. Mas no geral, o seu resumo pode ser: um bom filme!
Além de bom filme, ainda conta com Charlize Theron |
A versão que baixei para assistir foi um release em fullHD
com áudio com uma trilha DTS em 5.1 canais que fazem abrir um sorriso no rosto
após ver que os últimos investimentos em tela maior (ainda postarei a análise
dela) e home theater melhor valem a pena e nos fazem ter na sala de casa a
experiência que geralmente somente teríamos nas melhores salas de cinema. E
como o de nossa cidade foi, novamente, fechado, curtir uma imagem de
espetacular qualidade e um som poderoso é a melhor experiência cinematográfica
que podemos ter por aqui. Som original que preenche todos canais e nos fazem
entrar no clima do filme é um complemento e tanto para uma imagem sem artefatos
digitais, com ótimos níveis de preto e que mesmo nas cenas escuras nos permitem
ter plena noção do que se passa na tela. Aqui a escuridão não é um ponto a ser
temido, mas curtido com qualidade.
Apesar de controverso e decepcionante para muitos, este
filme que é vendido como uma introdução à história do filme Alien de 1979, eu o
considerei como uma história anterior, ambientada no mesmo universo, mas não
necessariamente uma primeira parte. Quem sabe uma continuação deste seja o filme que ligue todas as pontas entre os dois filmes. Por isso talvez, minha nota seja um 8,5 que
talvez em uma nova sessão ainda aumente para uma nota 9. Se você ainda não
assistiu por causa das críticas bastante divididas que se encontram pela
internet, dê uma chance a um ótimo filme e seja feliz.
Descontração no set |
Ps. Após assistir Prometheus, rever Alien e Aliens: O Resgate é altamente recomendado e satisfatório.
Release baixado: Prometheus.2012.1080p.BluRay.DTS.x264-BRADJE