terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mr. Church (EUA, 2016)

Eu acredito que todos saibam o que Pulp Fiction fez pela carreira do ator John Travolta. Quando não se esperava mais ouvir falar dele, eis que ele aproveita uma chance única e renasce em sua carreira. Pois eis que aqui temos um exemplo bem semelhante acontecendo agora com o ator Eddie Murphy. O filme o resgata de maneira decente e edificante, permitindo que ele mostre todo o seu talento, sem que para isso ele precise de um personagem cômico e muito menos “verborrágico” como os que ele interpretou ao longo de sua carreira.

Sinopse:
Murphy é o personagem titular da produção, um talentoso cozinheiro que após a morte de um amigo, decide cumprir, à pedido do próprio antes de falecer, a promessa de cozinhar para Marie (Natascha McElhone, de Ronin), a ex-amante do falecido, e sua filha, a pequena Charlie, até que Marie venha a sucumbir ao câncer, que colocou uma estimativa de apenas seis meses de vida nas costas de Marie. No entanto, o que à princípio seria apenas uma prestação de serviços com data para terminar, acaba evoluindo para uma longa e honesta amizade entre os envolvidos.

O assisti neste final de semana, acompanhado de minha esposa. O filme foi uma surpresa e tanto. Não é um filme de grande circuito, que acredito inclusive não tenha sido lançado nos cinemas do Brasil. Pelo menos não vi nada a respeito. Com certeza não irá bater nenhum recorde de bilheteria mundo afora, ou nem mesmo ser indicado a nenhum grande prêmio, mas conquistou um lugar especial nos corações de quem o assistiu. O filme, inspirado em fatos reais, é sensível e nos apresenta personagens originais e encantadores. Vemos o desenvolvimento de uma amizade verdadeira, que vai nascendo e crescendo ao decorrer do tempo do filme. É algo totalmente bem feito, sem apelação e que nos mostra que existem pessoas que podem nos fazer mudar, que podem realmente fazer as coisas valerem a pena quando executadas em cumplicidade. E isso se percebe quando cada aspecto da relação de profunda amizade e respeito que surge entre Church e Charlie, tem sua razão de ser e um peso na narrativa, que nunca perde o foco e nem derrapa para o sentimentalismo. Algumas sequências da produção, especialmente as que trazem o personagem em interação com Marie, são absolutamente adoráveis, e de extremo bom gosto.
Sem pieguices ou clichês, a história do filme se desenvolve com absoluta coerência, sem ser didático demais ou sem mesmo explorar os “comos” e “por quês”, afinal, não há necessidade. Tudo fica implícito.

O diretor Bruce Beresford estava devendo um trabalho deste nível desde seu Oscar em 1989 e aqui ele mostra que não perdeu a mão. Os elogios do parágrafo acima passam por suas escolhas e opções. Ele entrega um resultado que não cansa e é extremamente competente com o que mostra na tela.

Além da Murphy, que obviamente não trabalha só, temos excelentes interpretações das ótimas Britt Robertson (e claro, das meninas que a interpretam quando criança) e da Natascha McElhone. Mas mesmo assim não há como negar que o filme é todo dele.

Mr. Church é uma obra encantadora e sensível, tem um ótimo diretor e um protagonista que se destaca muito. Seria excelente se ele, ao menos, for lembrado, como melhor ator, por algum dos prêmios que veremos no próximo ano.

Nota: 8,5


O release assistido é excelente, com imagem no aspecto correto, com excelente qualidade, mesmo nas cenas mais escuras, preservando as escolhas do diretor com uma paleta de cores muito bonita e com o granulado inerente de um filme que se ambienta a partir dos anos 70 e entra nos anos 80. Som de alta qualidade que valoriza a excelente trilha sonora.

Mr.Church.2016.LIMITED.720p.BluRay.x264-DRONES

domingo, 17 de julho de 2016

Stranger Things

Final de semana, frio, família, enfim, tudo pede um bom filme ou uma boa série.

E foi assim que vi o primeiro episódio de Stranger Things, série original da Netflix.

Sinopse: Ambientada em Montauk, Long Island, conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente. Enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas, eles acabam mergulhando em um extraordinário mistério, envolvendo um experimento secreto do governo, forças sobrenaturais e uma garotinha muito, muito estranha.

Bom, assisti apenas ao primeiro episódio, então não posso garantir que série se manterá coesa e excelente até o final, mas a primeira amostragem foi extremamente positiva.

Acho que Nostalgia seja a palavra ideal para descrevê-la. Uma série que me conquistou no primeiro episódio. Anos 80 puro. Na verdade ela se ambienta no começo dos anos 80 (na série é citada a HQ X-Men 134 que foi publicada em junho de 1980 e há um cartaz do filme O Enigma de Outro Mundo, The Thing no original, que é de 1982). Todo aquele clima de mistério e suspense juvenil estão presentes. Some uma reconstituição de época impecável, protagonistas muito bem escolhidos e temos a sensação de estar vendo um filme de Steven Spielberg (meu diretor favorito).

Muitas referências, em especial à E.T. e The Thing. Se a série manter a qualidade do primeiro episódio já estará fazendo um grande serviço, se melhorar só temos a ganhar. Ao mesmo tempo não é para todo mundo, mas se gosta do gênero e das referências citadas, irá gostar. Bem ao estilo do filme Super 8. Imagino que os próximos episódios tenham muito a explorar e desenvolver. Da trilha sonora, efeitos e ambientação tudo me agradou. A imagem é impecável e toda a paleta de cores remete aos filmes dos anos 80. O som 5.1 é excelente, muito bem distribuído e presente, o que não é muito comum em séries.

Os mistérios e sugestões apresentadas tem tudo para serem bem desenvolvidas, sem muita enrolação, uma vez que a série só possui 8 episódios.

Recomendadíssima.

domingo, 15 de maio de 2016

Batman vs Superman – A Origem da Justiça



No começo dos anos 80 eu fui pela primeira vez ao cinema. Fui assistir a Superman II – A Aventura Continua. Até hoje é inesquecível para mim tamanho a emoção e comoção que gerou. Claro, eu tinha em torno de 8 anos, plenamente aceitável eu sair do cinema imitando o Super, correndo pelas calçadas com os braços estendidos como se fosse voar. Claro que voltei ao cinema e assisti ao primeiro, pois era normal o nosso cinema de cidade pequena reprisar filmes, em especial quando haviam continuações. Foi assim que assisti Star Wars – A New Hope, em reprise na semana de estreia do Retorno de Jedi.

Mas me atendo ao filme em questão, nada me tira da ideia de que ele só existe como um ato de desespero da DC para correr atrás do prejuízo e tentar alcançar e tentar roubar parte dos milhões que a Marvel está conquistando com seus filmes. Só isso explica a forma precipitada como seus maiores personagens foram jogados no filme.

Ele até começa bem, com o ponto de vista de Bruce Wayne a respeito da “batalha de Metrópolis” que havia sido mostrada em O Homem de Aço. A fotografia, em todo o filme até antes do ato final, é belíssima e é a melhor coisa do filme. Foi uma ótima ideia começar o filme com este ponto de vista, sem esquecer da rápida explicação da origem do Batman intercalada. Já que ele não teve origem nesta nova fase da DC, a solução encontrada foi satisfatória. Aqui o Ben Affleck começou a se destacar e mostrar que não se abateu com os comentários que pipocaram na internet quando foi escolhido para interpretar o personagem.

É de longe o melhor personagem do filme. Transita muito bem entre Bruce Wayne e Batman. É interpretado até meio psicótico, mas crível. Porém não me agradou “o” Batman escolhido para ser levado as telas. Ele claramente existe há vários anos e já possui o respeito, e até mesmo, o auxílio da polícia de Gotham. Mesmo assim ele é violento ao extremo, usa armas e mata bandidos. Pasmem. Não foi este Batman que eu admirei e li por toda minha adolescência. Eu li Batman e Superman pré-Crise, pós crise e boa parte dos anos 90 até os anos 2000. Após este período apenas leituras esporádicas. Ele se tornou isso atualmente??? Li muita pouca coisa dos falados Novos 52 e confesso que o que li é muito, mas muito inferior ao que possuo na memória, como Batman Ano Um, As dez noites da Besta, Acossado, O Cavaleiro das Trevas, O Homem de Aço (de John Byrne, não o filme mais ou menos), Lendas, Crise nas Infinitas Terras e tantas outras sagas.

Críticas aqui ao Batman que mata, que usa armas, que é forte demais, ao ponto de jogar bandidos, com apenas um dos braços, de um lado ao outro de uma sala, que atravessa pisos entre um andar e outro, que chega ao ponto de tomar tiro na nuca, a queima roupa, e nem sentir (não importa o nível de blindagem, isso é irreal demais). Ele não funciona como ícone. O Batman, o verdadeiro, é um atleta no auge de suas habilidades, exímio lutador e dono de inúmeros e caros brinquedos. Ele não tomou o “Soro do Supersoldado” e isso sempre foi o seu trunfo em relação à concorrência. Que aqui foi jogado fora.

Mesmo suas habilidades como o melhor detive do mundo foram menosprezadas, por um Alfred convincente, mas que rouba parte das habilidades de Bruce.


Henry Cavil funciona, melhor, já é o próprio Superman, mas sofre com um roteiro raso. As suas cenas como Clark Kent são as mais descartáveis do filme. Aquelas que se passam no Planeta Diário são de uma preguiça tremenda do roteiro e totalmente dispensáveis. Para mim, uma das piores escolhas do filme para ser mostrado na tela.

Gal Gadot é uma boa surpresa. Apesar de pouco tempo de tela, não compromete. É aceitável como Diana, ainda que que caia de paraquedas na história, mas que aceitamos por saber que ela terá seu filme solo para ser melhor explorada. Fez uma ótima Mulher Maravilha e seu filme promete ser interessante.

Me surpreendi com a Lois Lane. Bela, recatada e do Super. Funciona muito bem, é relevante para a história sem ser forçada.

O Coringa, ops, Lex Luthor, é o equívoco do filme. Acho que tentaram se distanciar dos outros “Lex” de filmes anteriores, mas pecaram demais. Se fosse para mostrar a origem de um Coringa, conforme comentou um amigo em um grupo no facebook, até funcionaria. Mas é um Lex sem charme e sem inteligência, que peca vergonhosamente no filme. Ele não possui motivação e cai em clichês de filmes antigos de monstros que são criados e não podem ser controlados. Vergonha.

O que nos leva ao clímax do filme, a batalha e ao ato final, aonde o filme se perde. A luta dos protagonistas é legal, empolga, mas é uma situação que foi feita a partir de um mal-entendido e falta de conversa, o que não ocorreria nas histórias da DC. Faltou motivação.

Mas o pior estava por vir, segundo um amigo, eles enfrentam no final uma Tartaruga Ninja vitaminada e isso não me saía da mente enquanto assistia. Essa sequência foi desnecessária no filme. Serviu para mostrar a Mulher Maravilha e só. Até o CGI que até então funcionava bem, ficou excessivo e falso. Inclua aí a resolução da criação da Liga através de um e-mail e câmeras de segurança e temos um filme que compete com o Lanterna Verde e Superman III e IV. Que desaba sobre seu próprio peso e importância para os planos da DC.
 
Você é uma Tartaruga ninja?
Um filme longo demais, aonde muitas partes deveriam ser cortadas, uma montagem equivocada, a transição entre as cenas e aspectos do filme muito mal elaboradas, que causam sono durante a primeira 1 hora, as lutas mal resolvidas e o último ato desnecessário fazem deste filme, na minha opinião, o Transformers dos filmes de Super-heróis. Muito barulho, cenas de lutas aonde muitas vezes não se consegue visualizar as batalhas, muito dinheiro gasto e arrecadado. Nem mesmo a trilha sonora consegue empolgar, sendo muito pesada e nada marcante. A parte dos sonhos é totalmente dispensável, foi algo como se a DC estivesse nos dizendo: Olha o que pretendemos fazer em um futuro próximo, legal né? Não contribuem em nada para a história do filme.

Uma nota 5,5 para o filme que esperei que fosse muito bom, mas que falhou na principal parte, capturar o público e os fãs. Se salva a redenção de Ben Affleck que dá a volta por cima no mundo dos supers, após sua queda em Demolidor, que é, vejam só, superior a este aqui como filme.

Release assistido: Batman.v.Superman-Dawn of Justice.2016.1080p.TC.X264.Masteredition.Hive-CM8