domingo, 24 de abril de 2011

Rio

Este final de semana fomos ao cinema em nossa cidade para assistir ao lançamento Rio.
Um filme americano dirigido por um brasileiro e ambientado no Brasil.

A história mostra a ararinha azul chamada Blu ainda bebê vivendo nas florestas brasileiras até ser sequestrado por contrabandistas de aves que o levam ao exterior. Devido a um acidente ele acaba indo parar na fria Minesota nos EUA e é adotado por linda. Uma menininha que acaba abdicando de sua própria vida pessoal para cuidar da ararinha azul. Até que o estudante e amante de aves Túlio o descobre em Minesota. Sabendo que a espécie está em extinção, sendo ele o último macho conhecido da espécie, convida nossos personagens a viajarem ao Brasil para que Blu conheça a ararinha azul fêmea Jade. Logo ambos os animaizinhos são roubados e é neste ponto que as aventuras de nossos heróis começam. Proporcionando um belo filme, mostrando as técnicas mais modernas de animação, contrastando com as belas paisagens do Rio de Janeiro em pleno carnaval. O filme diverte, é meigo, proporciona boas risadas e convence. Esqueça detalhes, como esta arara não viver no estado do Rio de Janeiro e o motivo inventado que para chegar a um aeroporto clandestino (???) em pleno Rio de Janeiro ter de passar pela avenida do samba e você se divertirá. Serão momentos bem investidos em animação de primeira.
Pelo lado artístico, imaginei que por o filme ser dirigido por um brasileiro, Carlos Saldanha (tá certo que ele vive no exterior a anos), finalmente teríamos nosso país retratado de forma adulta e realista. Mas qual não é a surpresa ao notar que o Brasil é sempre mostrado por três aspectos que são presenças certas em outros tipos de filmes, mulheres de biquíni, carnaval e futebol (está certo que era um Brasil e Argentina). Personagens caricatos, que só se importam com o carnaval, muitas vezes bobos e alienados, não raras vezes ignorantes ao extremo. Some-se a isso o fato de que, pejorativamente, são mostrados uma gangue de macacos batedores de carteiras, que roubam os turistas diariamente, mais a cena onde uma criança se oferece para auxiliar o casal em busca das ararinhas que é tratado com muita desconfiança e até medo. Mesmo estando em uma favela carioca, caso esta cena acontecesse em qualquer outro país a criança seria ouvida e ganho confiança imediatamente. Mas aqui no Brasil não, a primeira coisa a se falar é que seria perigoso confiar nela. Por favor. A criança no Brasil é um perigo? Ou as crianças em outros países é que são anjos?
Fica claro que o diretor antes de fazer novos filmes retratando nosso país, deve passar mais tempo aqui ou pelo menos considerar que nosso país não é o único local que possui favelas, roubos e crimes. Até hoje não entendo porque quando uma autoridade nos visita deve ser levado para conhecer a favela da rocinha. Em outros países os locais obscuros são escondidos, mas aqui no Brasil viram ponto turístico. Quem sabe a próxima animação possa falar, além de traficantes de aves, de turismo sexual no nordeste ou quem sabe sobre a corrupção de nossos políticos. Se já somos bombardeados diariamente com estes fatos em nossos telejornais, será que precisamos que eles sejam expostos ao restante do mundo logo no cinema? Ainda mais as vésperas de uma copa do mundo e de uma olimpíada? Menos, por favor, menos.
Como divertimento, leva uma nota 7. Como retratação de nosso país, uma nota 4.

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