sexta-feira, 8 de abril de 2011

Liga de Irmãos

Recebi esta semana um e-mail do amigo Douglas comentando do falecimento de Richard D. Winters, no dia 21 de Janeiro, aos 92 anos.



Para quem não reconhece o nome, basta saber que ele foi um dos heróis da II Guerra Mundial e principal protagonista da minissérie em 10 capítulos chamada Band of Brothers. Considerada por muitos, como a melhor produção já feita sobre a grande guerra. E diga-se de passagem, temos de concordar com esta afirmação.

A minissérie foi produzida por ninguém menos do que Tom Hanks e Steven Spilberg e lançada em 2001 pelo canal HBO. Foi baseada no livro de mesmo título, da autoria de Stephen E. Ambrose, a série narra a história da Companhia E (Easy Company) do 506º Regimento de Infantaria Pára-quedista do Exército Americano, 101ª Divisão Aerotransportada - na sua campanha na Segunda Guerra Mundial. Tal companhia participou da invasão dos exércitos americano e inglês na Normandia, no dia 6 de Junho de 1944, o famoso Dia D, além da famosa Operação Market Garden e da Batalha do Bulge. Foi também a divisão que invadiu o Ninho da Águia, o refúgio de Hitler.


Quem já acompanhou a história, lembra-se de tudo, é impossível esquecer. Logo no primeiro episódio “Currahee”, somos apresentados ao segundo tenente Dick Winters em sua rotina diária, como um dos oficiais do pelotão comandado pelo Cap. Sobel. Com destaque especial pela relação do capitão com sua companhia e o tratamento que o mesmo dispensa a ela. No decorrer do episódio conhecemos outros personagens que serão marcantes no decorrer da minissérie. Mas resumindo, o primeiro episódio já nos conquista. Mostra o duro treinamento da companhia, os revezes pelos quais passaram antes da guerra e o seu emocionante embarque para irem em direção ao seu destino. Dia D. Esta cena é marcante.



Se restou algo para nos capturar de vez para esta série, o segundo episódio cuidou disso. Afinal, acompanhar a companhia no Dia D, o Dia dos Dias, é algo fantástico. Com imagem e som de qualidade acima da média você se sente no meio da guerra. E não somos decepcionados por nada, história, efeitos, batalhas. Tudo é feito e encenado com uma veracidade que nos leva a pensar que todo o filme que se preze deveria ter esta qualidade. Na verdade, cada episódio da minissérie acaba sendo melhor que muitos filmes de Hollywood. Por causa disso, percebe-se que toda a pesquisa e técnica que foi desenvolvida pela dupla de produtores para o filme O Resgate do Soldado Ryan foi aproveitada aqui e aprimoradas. A preocupação com o apuro visual, comportamental e histórica foi tanta, que os próprios atores passaram por árduo treinamento militar e tiveram que tratar uns ao outros pelo seu nome no filme. A idéia era tentar recriar da melhor maneira possível os laços de irmandade da Companhia.”Imagino que xingar os instrutores em um treinamento militar de verdade faça com que você vá parar na cadeia”, disse um dos atores. “Mas aqui é muito pior... reclame para um instrutor e ele chamará o Tom Hanks e o Spielberg”, concluiu.


A minissérie destaca-se, dentre vários motivos, pelos esforços em sua ambientação e veracidade. Um exemplo: para reproduzir com maior fidelidade os campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, foram necessários mais de 10 mil atores extras, cerca de 700 armas autênticas, 400 armas de borracha e cerca de 14 mil caixas de munição em cada dia de filmagem. Além disso, tanques da Segunda Guerra foram restaurados, um avião C-47 autêntico foi usado e a vila que serviu como cenário para 11 cidades européias tinha o tamanho de nove campos de futebol americano. A série teve custos de produção e cenários mais caros que os do filme O Resgate do Soldado Ryan; a produção custou cerca de US$ 125 milhões e demorou 9 meses para ser finalizada, o que rendia à série o título de maior e mais cara já feita para a televisão, sendo batida em 2010 pela nova produção, sobre o mesmo assunto, novamente de Tom Hanks e Steven Spielberg denominada The Pacific.

Ao avançar da guerra, estamos familiarizados com os personagens, seus dramas, os conhecemos intimamente. Sentimos cada perda como se fossem nossos amigos. Vemos que o Ten. Winters foi um dos motivos da coragem de seus homens, bem como o acompanhamos subindo de posto, o que acaba lhe causando certo receio, pois como oficial superior, em muitas batalhas ele acaba sendo impedido de ir, tendo que assumir outras funções. Isso o desgasta, pois vemos que o desejo dele é o de pegar sua arma e auxiliar seus amigos em mais uma jornada.
Enfim, falar sobre cada um dos episódios é fazer “chover no molhado”. Para quem não assistiu ainda, fica a recomendação. Se você gosta do tema ou simplesmente quer saber mais a respeito, saiba que a produção é extremamente bem feita e toda baseada em fatos reais, contendo muito poucos erros históricos.

Antes de cada episódio assistimos uma declaração de um soldado sobrevivente, que nos conta algo de interessante sobre a batalha ou o assunto do episódio em questão. Vale ressaltar também, que cada ator foi escolhido para o elenco levando em consideração sua aparência física, para que ficasse o mais parecido possível com o personagem real. Em certo momento nos pegamos tentando imaginar quem é quem nestas aberturas, porém somente nos é revelado no episódio final e o destino de cada um deles.

A série foi indicada para 19 Prêmios Emmy, e ganhou 6, incluindo "Melhor Minissérie", "Melhor Elenco para uma minissérie, filme ou especial" e "Melhor Direção para minissérie, filme ou especial Dramático". Também ganhou um Globo de Ouro por "Melhor minissérie ou filme feito para a TV", um prêmio do American Film Institute, e foi selecionado para um prêmio Peabody por "...permitir a ambos, história e memória, criar um novo tributo àqueles que lutaram pela preservação da liberdade". Também ganhou um Writers Guild Award em 2003 pelo sexto episódio, Bastogne.



No Brasil ela foi transmitida no canal HBO e no canal aberto da Band. Porém é facilmente encontrada nas locadoras.
Eu já garanti ela em minha coleção, numa embalagem especial acondicionada em uma lata. E vc? Se não coleciona, precisa ao menos ver, não perca tempo.



E ao nosso amigo Dick, só nos resta dizer: Descanse em paz Major. E que você tenha tido a oportunidade de viver uma vida plena.

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