quarta-feira, 6 de abril de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1

Confesso que tive muito preconceito ao assistir aos filmes de Harry Potter. Jamais li os livros e todo comentário que ouvi a respeito eram preconceituosos, e se revelaram falsos. Assisti ao primeiro filme quando a saga no cinema já estava em sua terceira parte.
Curti bastante a experiência e vi que muito do que falaram não fazia sentido. Não tinha nada de feitiçaria e bruxaria, apenas uma fantasia infanto-juvenil cujo pano de fundo tinha a ver com este mundo mágico fictício. E no começo, tudo foi encantador, do quarto embaixo da escada à história triste de Harry, do trem que nos leva a Hogwarts a aparência do castelo e suas escadas móveis, de inocentes jogos de quadribol ao aprendizado de magias e inúmeras situações onde o que prevalece é a lição sobre amizade e companheirismo que aprendemos com Harry, Rony e Hermione.
Lógico que desde o início ouvimos falar de Você-Sabe-Quem, mas o imaginamos como uma ameaça do passado, não mais do que uma sombra ou uma lembrança e que agora tudo será uma utopia. Apesar dos perigos que começamos a conhecer, fomos levados a acreditar que no final o bem sempre vencerá o mal e que tudo acabará bem, todo mundo será salvo e comemoraremos no salão comunal ao final do filme.

Ledo engano. Agora isso acabou.

Harry Potter cresceu, tornou-se maior, deixou de ser infanto-juvenil e se tornou uma saga sombria que carrega o peso de desenvolver uma história já consagrada nos livros. Ora, se os fãs dos livros cresceram lendo as aventuras do pequeno bruxo, e acompanharam esta transformação, por que com os fãs do cinema seria diferente?
Se você recomendaria Harry Potter e a Pedra Filosofal para uma criança de 5 anos, agora você não pode mais fazer isso, a menos que a criança tenha crescido junto. Logo no começo do filme temos notícias perturbadoras de famílias de trouxas assassinadas e a chocante cena de um assassinato cometido pelo Lorde das Trevas, cujo cadáver, ainda com os olhos abertos está prestes a ser devorado por uma imensa cobra. Ou você repensa a vontade de convidar um sobrinho pequeno para assistir ao filme ou se prepare para ter de o consolar mais tarde quando se arrepender desta idéia. Afinal, aqui não veremos mais bruxinhos rindo de feitiços e poções mal preparadas. O tom, mudou e isso é facilmente percebido.
Agora todos sabem que Lord Voldmort retornou e não deixará que nada e nem ninguém fique no seu caminho. Logo vemos que muitos aliados valiosos tombaram frente a sua força e sua cobiça somente aumenta.
Enquanto Harry e seus amigos continuam na tarefa que lhe foi confiada pelo saudoso Alvo Dumbledore, reunir as Horcrux (objetos para os quais Voldmort passou pedaços de sua alma) e as destruir, o Lord das trevas descobriu a existência de artefatos poderosíssimos no mundo dos Bruxos. As relíquias da morte, as quais poderão conceder qualquer vontade para quem as possuir. Acompanhamos essas duas narrativas durante o filme, que convenhamos, ficou ainda melhor que o anterior, o qual apenas preparou o caminho para chegarmos até aqui, o final da saga.
O filme nos apresenta situações que ainda não tínhamos visto na saga: trouxas sentindo os efeitos negativos da guerra que se trava no mundo dos bruxos, o trio de personagens principal sendo atacado em uma simples lanchonete nos faz ver que a coisa toda foi elevada a um novo nível. E isso apenas contribui para o bom desenrolar da trama.
Repare que os personagens amadureceram e cresceram com seus protagonistas. Se Rony já havia demonstrado isso no filme anterior, no jogo de quadribol, agora temos Hermione assumindo o seu papel, carregado de dramaticidade e competência. Agora sim sabemos que Emma Watson, como atriz, tem um futuro brilhante. Daniel Radcliffe não deixa por menos e nos entrega uma bela interpretação, demonstrando todo o peso que Harry Potter suporta sobre seus ombros, sem parecer forçado ou artificial.
Ao final do filme, surpresas de todos os tipos. Os efeitos especiais melhoraram e o elfo Dobby está finalmente convincente como deveria ter sido desde o início e que de quebra protagoniza uma das cenas mais emocionantes e significativas do filme. Temos também, na cena final um prelúdio do que aguarda nossos heróis na segunda parte desta aventura, que somente poderemos conferir em 15 de julho de 2011.
A idéia de dividir o último livro em dois filmes, além de permitir um desenvolvimento e detalhamento muito maior da saga, ainda permitirá ao estúdio lucrar muito mais com a bilheteria e produtos associados aos filmes. Mas ao invés de criticá-los, podemos mesmo é agradecer, pois sem isso a saga já teria sido encerrada e de forma resumida, tendo de haver muitos cortes e resumos que empobreceriam a história. Da forma como foi feito, temos a oportunidade de nos aprofundar na história e termos boa parte da sensação de quem leu os livros e acompanhou a saga até o seu final.
Esta primeira parte chega em DVD e Blu Ray em 15 de abril em todo o mundo, mas a internet já nos brinda com cópias em alta definição e som DTS para quem não aguentar esperar até lá.
Nota 8, no mínimo.

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