sexta-feira, 11 de maio de 2012

Séries de Ficção em extinção


O que está acontecendo com as séries de ficção científica é uma pergunta atual e que tem inquietado todos os fãs do gênero. E esta pergunta me vem à cabeça justamente quando mais uma série do gênero foi cancelada: Alcatraz.

Na verdade as adoradas séries deste gênero maravilhoso que nos levam a outros mundos e situações únicas nunca foram um terreno fértil do ponto de vista financeiro, que tivesse alta audiência e grandes anunciantes. Mesmo as séries clássicas e idolatradas até hoje sofreram deste mal. Vide Star Trek e Perdidos no Espaço, que se não me falha a memória tiveram apenas 3 temporadas cada. Mesmo que hoje em dia elas sejam consideradas cult, quando estavam no auge sofreram com boicotes, ameaças constantes de cancelamento e outros afins. Outras séries famosas nos anos 80 e 90 não chegaram ter uma quantidade expressiva de temporadas, como por exemplo O Homem de 6 milhões de dólares, Mulher Biônica, Trovão Azul, Águia de Fogo, Moto Laser, Seaquest. Algumas inclusive chegaram a ser canceladas e retornaram depois de algum tempo devido aos pedidos insistentes dos fãs, dando continuidade às suas tramas, ou mesmo remodeladas para tentarem corrigir o que na visão dos executivos seriam suas falhas, e tentando arrebanhar novos fãs que permitissem uma audiência que agradasse aos produtores.


Recentemente a série Jericho foi o exemplo mais recente deste fato recorrente, pois foi cancelada em sua primeira temporada, porém devido a milhares de cartas, e-mails e “amendoins”, acabou retornando à grade da emissora CBS, porém mesmo assim a audiência não aumentou e a série foi cancelada de vez. Pelo menos sabendo do risco que corria de ser novamente cancelada, a maior parte do enredo da série foi concluída.

Claro que houveram exceções, como Arquivo X e recentemente Smallville e Lost, mas foram muito poucas

Nos últimos anos Flashforward, The Event,V, Terra Nova e agora Alcatraz, apenas para falar das mais famosas, foram sumariamente canceladas sem terem a chance de sequer terminarem e explicarem coerentemente seus arcos.

Concordo que um canal de TV aberto (sim lá nos EUA a maioria das séries são produzidas em canais abertos) deve ter retorno financeiro e anunciantes que justifiquem a série se manter no ar. Porém muitas vezes não é dado o devido tempo para a série desenvolver-se e manter sua audiência cativa. Flashforward e The Event começaram muito badaladas, mas depois dos primeiros episódios introdutórios começaram a enrolar suas tramas, fazendo a audiência despencar. Sofreram ameaças de cancelamento, retornaram após o hiato com episódios bem melhores, porém a audiência já havia sido perdida e não se recuperaram mais.  Já a série V, que eu aguardei com ansiedade devido a ser fã da série original dos anos 80, a qual possuo em DVD importado, sempre prometeu muito e entregou pouco. Jamais vi batalhas nela que sequer lembrassem as perseguições aéreas que víamos na série original e os tiroteios a laser. Mereceu ser cancelada.

Sobre Alcatraz eu já havia comentado quando postei sobre o encerramento da temporada que não apostava em seu retorno para uma nova temporada e dei meus motivos, pelo visto estava certo.

Algumas outras séries começaram de maneira fantástica, como Heroes, que chegou a abalar a audiência de Lost e foi a melhor primeira temporada de uma série de ficção. Agradou público, crítica e manteve a audiência lá em cima. Porém a euforia acabou logo na segunda temporada da série que fez a audiência despencar e a qualidade das histórias foi junto. A série foi decaindo até ser cancelada após a quarta temporada.
Esta foi minha favorita: Águia de Fogo

Respondendo à pergunta de meu amigo Jesus Ferreira, do blog Zona Franca Comics, acredito que os motivos para os cancelamentos estão interligados. Alguns esperam sucesso imediato do início ao fim, o que é injusto, visto que mesmo Lost teve temporadas bastante criticadas, como a terceira.  Outros esperam que audiência se mantenha e traga anunciantes expressivos e outros esperam suprir o espaço deixado por Lost, porém esquecem-se de que a série foi um fenômeno e começou como uma desconhecida e ganhou a sua fama pelo boca-à-boca. Só fui gostar mesmo da série depois de alguns episódios, pois se dependesse somente do episódio piloto eu teria desistido.

Outra possível resposta para a queda da audiência, é que a maior parte da audiência tem preguiça de pensar e preferem séries de fácil solução. Não por acaso as séries com melhor audiência lá nos EUA são aquelas que podemos assistir episódios isolados, mesmo sem acompanhar a série sempre. As famosas Sitcons e séries como House, CSI e The Big Bang Theory. Séries que apesar de serem muito boas, permitem espectadores eventuais que não precisam acompanhar a vida dos personagens para se divertirem. Já em ficção, devido ao tema mais profundo que exige explicações para o desenrolar da trama, que muitas vezes acaba demorando vários episódios, a audiência muitas vezes não tem paciência de esperar. Mesmo quando o resultado final compensa. Uma pena.
Esta marcou uma geração: V e V - A Batalha Final
Quem esquece da Dayana e os ratos?

A exceção hoje em dia, se chama Fringe. E mesmo ela vem sendo ameaçada de cancelamento a pelo menos dois anos. Atualmente encontra-se na sua quarta temporada e teve a confirmação de ser renovada para uma quinta e última temporada. É a série puramente de ficção que melhor representa o gênero hoje em dia.

Mesmo apostas recentes em reviver séries antigas da década de 70 nos dias de hoje escorregaram e tiveram seus cancelamentos decretados. Foi assim com as novas versões de A Supermáquina, que achei fraco mesmo, A Mulher Biônica, a qual gostei bastante e achei injusto o seu cancelamento e a nova versão de As Panteras.

Ainda bem que apesar de tudo isso, ainda temos algumas séries que se não são puramente ficção, mesclam gêneros e nos entregam ótimo entretenimento, como The Walking Dead, The Vampire Diaries, True Blood e Supernatural.

Um comentário:

  1. Parabéns, meu caro, pelo ótimo texto. Concordo integralmente contigo.
    Um abraço e nos vemos no próximo almoço da turma.

    jesus ferreira

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