terça-feira, 22 de março de 2011

Colecionar...

Acredito que colecionar seja uma das coisas mais comuns entre muitas pessoas. 

De figurinhas de chicletes a carros importados, os colecionadores existem em diversas escalas e em todo o mundo. Há também quem não sinta a menor necessidade disso, e há os que não vivem sem. Com certeza devem haver estudos de casos sobre o assunto, TCC's, reportagens diversas, mas nem sempre as mesmas refletem a nossa realidade.

Me considero um colecionador de longa data. Geralmente daquilo que chamamos atualmente de cultura pop. Me lembro dos anos 80 onde o sucesso na TV era o desenho animado dos Superamigos (reprises, é claro) que passavam na Globo (único canal que conseguia sintonizar em Uruguaiana), canal brasileiro, diga-se de passagem, pois além dele, na TV, somente o ATC da vizinha Argentina, onde acompanhava o seriado O Super-Herói Americano, clássico dos anos 80, inesquecível. Também era sucesso aos sábados a noite no programa "Primeira Exibição" o seriado O Incrível Hulk, em seguida, aos domingos a tarde foi a vez de O Homem Aranha. Seriados toscos se revistos hoje, mas com saudosismo para quem acompanhou na época. Graças à eles, a Editora RGE (se não me engano) lançou álbuns de figurinhas dos dois seriados. Os quais ganhei do meu pai na época. Devia ter uns 8 anos ou 10 anos. Lembro com saudade que era uma emoção na época em que não existia internet, nem canais de TV de documentários e revistas especializadas, descobrir mais sobre os personagens que acompanhava pela televisão. Na época eu nem sabia que eles eram adaptados de histórias em quadrinhos, as famosas revistinhas de então. Pois bem, foram meus primeiros colecionáveis. Os álbuns e as figurinhas duraram anos, me acompanharam por muito tempo, até que acabei me desfazendo deles de forma que nem me recordo.
Não sei se foi isso ou não, mas a partir daí comecei a colecionar coisas, bugigangas. Teve uma época que se colecionava até carteiras de cigarros, as da marca hollywood (oliú pronunciavam na época) eram as mais cobiçadas, é claro que eu também colecionei. Vieram outros álbuns. O da copa do mundo de 1982, com o mascote Naranjito era clássico e praticamente todos os colegas de aula possuíam. A troca de figurinhas nos recreios corria solta. Daí em diante, qualquer novo lançamento era motivo para colecionar. Lembro de um fato engraçado, quando foi lançado um álbum de figurinhas sobre selos de cartas. Muita gente coleciona selos e os que valem a pena serem colecionados são caríssimos. Como na época dependia de meu pai e era muito novo para trabalhar, além de o dinheiro da família muitas vezes ser contado, nem cogitava tal coleção. Mas, mesmo com pouca grana, o álbum e alguns pacotes de figurinhas estavam ao alcance. Pois não é que na mesma época houve um amigo oculto na escola. Estudava em escola particular, com bolsa, mas participava das mesmas coisas que os demais. O colega que eu havia sorteado queria justamente este álbum de presente. Por mais que tenha sido difícil, acabei comprando o álbum para presenteá-lo, junto com vários pacotes de figurinhas. Mas não resisti e colei todas. Entreguei o álbum com muitas delas coladas. Ele até estranhou e eu respondi que colei para testar se eram autocolantes ou se precisaria de tenaz. rsrsrs
Nesta época, ou um pouco mais a frente (1985 na verdade), tive contato com as hq's de uma forma especial. Já havia folheado algumas, mas ou mal sabia ler ou a cronologia me impedia de me interessar mais. Pois caiu em minhas mãos (emprestada) a famosa e cobiçada Grandes Heróis Marvel (GHM) número 7, de fevereiro de 1985. Na época acho que era lançamento  ninguém imaginava quão rara ela se tornaria, pois trazia aquela que foi considerada na época como uma das melhores história em quadrinhos até então. Inclusive a capa usa este apelo. É o final da saga da Fênix Negra. Nas primeiras páginas  havia um resumo da história até aquele ponto, tornando a leitura mais fácil para quem não a acompanhava antes. A história, para quem a conhece, é uma das melhores da dupla Claremont e Byrne nos X-Men e foi responsável pelo seu sucesso editorial. Dali em diante os mutantes estouraram em termos de vendas. E eu, claro, fui conquistado. Virei colecionador e marvete naquele instante.
Comecei uma coleção, que além de muitas aventuras imaginárias, me renderam ótimos e grandes amigos com o mesmo gosto que cultivo até hoje. O meu grande amigo Jesus Nabor é um deles, colecionador e apaixonado por quadrinhos até hoje. Possui loja de quadrinhos e afins em um Shopping Center em Santa Maria, RS, falarei mais sobre ele e outros amigos em posts futuros. Cheguei a ter centenas, talvez mais de mil "revistinhas". Dos X-Men, meus favoritos, conquistei a honra de haver conseguido TUDO o que foi publicado deles no Brasil, em revistas e histórias próprias e até de simples participações deles em aventuras de outros heróis, um orgulho no ramo;  além de muitas revistas importadas da Espanha por intermédio do Jesus. Mal tinha onde guardar. O formatinho, na época, se ajustava muito bem em uma caixa de sapatos. E eu tinha dezenas. Durou muitos anos. Na verdade só parei uns 2 anos após me casar, lá pelo ano 2000, quando minha filha estava prestes a nascer. Recém casado, com casa por terminar, sem espaço para guardá-los, imaginei que ela daria um fim nas maravilhas em formato de papel quando começasse a engatinhar e acabasse encontrando elas pelo caminho. Foi o momento de me desfazer delas. Mas tenho muitas histórias a contar a respeito.


Paralelamente aos quadrinhos, desenvolvi o gosto por filmes. Todo domingo era sagrada a ida à matinê no cinema. Na década de 80 em nossa cidade, no Cine Pampa, pois o Cine Avenida havia fechado havia alguns anos, era dia de sessão dupla, quase sempre um dos filmes era de Kung Fu, devido ao sucesso do seriado Faixa Preta (Kung Fú, com David Carradine) que havia substituído o Incrível Hulk nas noites de sábado. O outro filme, variava muito, de lançamentos a reprises de sucessos passados. Muitos clássicos assisti naquelas matinês, fosse em lançamento ou em reprises, comuns naquela época. Star Wars, Indiana Jones, E.T., Tubarão, De volta para o Futuro, Superman, O Garoto do Futuro. Muita coisa boa. Muita gente hoje adoraria poder rever alguns deles na telona do cinema.

No começo dos anos 90, acho que em 1991, meu pai comprou nosso primeiro vídeo cassete. Novidade eletrônica e caríssimo na época, foi adquirido através de consórcio, em 24 parcelas. Era caro mesmo e muitas locadoras alugavam também o aparelho, facilitando o acesso da população não tão abastada. Mas foi uma grande realização. Muito mais para mim do que para ele. Garoto novo, meio nerd (nem existia o termo na época), mas sem óculos; evangélico, portanto não frequentava bailes e nem bebia, o sábado era a festa do cinema em casa. Era comum locar 5 ou 6 filmes no sábado a noite e varar a madrugada assistindo um filme atrás do outro. Houve uma época em que alguns amigos me acompanhavam na aventura e a bagunça era generalizada. A garagem foi nosso cinema muitas vezes, afinal que pais aguentariam uma turma de amigos conversando, comentando filmes e gargalhando juntos por toda a madrugada?  As vezes quando o sono era maior, acabava deixando um dos filmes para o domingo a tarde, quando não tinha matinê ou o filme era ruim no cinema. Não demorou muito para começar a desbravar a arte de gravar filmes, da TV ou copiar fitas usando outro videocassete junto. Robocop (de 1987) foi um dos primeiros que gravei. Afinal, a época era propícia. Até as locadoras alugavam filmes piratas. Os originais demoraram a chegar no Brasil. E aí começou minha coleção de filmes. Mas era bem mais limitado. As fitas eram grandes, mofavam com o tempo, a qualidade de imagem não era boa, o som era deficiente, fita ruim ou muito utilizada enrolava. Mais a frente os clássicos Disney foram os primeiros filmes que vi para vender para consumidores finais, mas era caros e não comprei nenhum. O único original que comprei foi do filme Titanic (1997) em 1998 se não me engano, em uma viagem. Depois algumas fitas de usadas vendidas por locadoras que compravam várias cópias aumentaram a coleção.

Quando chegou o DVD, foi uma evolução natural. Mas assim como o vídeo cassete, chegou no Brasil custando caro para a maioria das pessoas. Comprei o meu primeiro em 2001. Um CCE modelo 2100 que vinha com 10 títulos em DVD de brinde. Escolhido a dedo, pois era um dos únicos que reproduzia arquivos MP3 nesta época. Melhor que muitos Sony e Pioneer. Custou R$ 799,00. na verdade não gastei nenhum centavo nele. O ganhei em uma negociação envolvendo a troca de um drive de CD para computador da marca Plextor, os melhores para copiar jogos com travas, remanescente da minha época de pirata de computador (mas isso renderá outra história).
Último a chegar

De lá para cá, foi apenas consequência. Sempre querendo evoluir, melhorar os equipamentos de aúdio e vídeo. A TV de 42" foi um sonho que demorou a se realizar, o Home Theater então foi uma novela, mas enfim, as memórias de hoje nem são sobre equipamentos, mas pelo prazer de colecionar. Possuo aproximadamente 350 DVD's de filmes e seriados, contando as caixas com temporadas completas como um único título, em torno de 25 Blu-ray's escolhidos sempre "a dedo". Afinal, só vale a pena colecionar aqueles que gostamos  e sabemos que iremos querer rever. As vezes quando um amigo chega em casa, outras vezes vontade de assistir apenas uma cena, uma sequência, ter uma recordação, uma lembrança... e a paixão pelos filmes e seriados parece ter vindo para ficar. Algumas Action Figures (bonecos de personagens) também ilustram a coleção. Com o auxílio da internet, colecionar e fazer negócios com outros colecionadores ficou fácil. Muitas amizades distantes, listas de discussão através de e-mails, fóruns especializados, blog's, sites sobre cinema e TV, enfim, nunca foi tão fácil colecionar e se manter informado.
Ainda chego neste nível!
Você também coleciona ou colecionou algo? Coloque suas opniões nos comentários do blog se desejar e participe desta troca de idéias, "entre amigos"!

Boa noite a todos.


PS. Ontem a noite assisti Toy Story 3, por recomendação de minha esposa e filha que já haviam assistido e eu deixei para ver em outra oportunidade. Simplesmente emocionante. De levar às lágrimas quem acompanhou a história destes personagens. Wood, Buzz, Jessie, Rex e todos os demais são cativantes. Parecem existir mesmo. Chegamos a imaginar que em algum momento, se formos rápidos e sorrateiros, poderemos vê-los em suas aventuras no quarto de brinquedos de nossos filhos. Demorei a prestar atenção neles. Na época do lançamento do primeiro filme, nem me dei ao trabalho de assistir. Só vi depois de muito tempo, junto de minha filha. Foi paixão a primeira vista. Brinquedos, mas humanos. Fantasia, mas real. Sonho, ainda que realidade em nossas mentes. Assim como Andy, dei o valor a eles quase no crepúsculo, mas nunca tarde demais. Deixe a criança que vive em você se emocionar, sonhar, brincar, ser feliz e se despedir desta turma maravilhosa. Um final digno da trilogia. Nota 10!

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