domingo, 10 de julho de 2011

X-Men: Primeira Classe

Em 1963, quando Stan Lee e Jack Kirby criaram os X-Men, nos quadrinhos, eles já apareceram em sua primeira missão. Uma luta ferrenha contra Magneto que havia invadido uma base de mísseis. Já apareceram treinados e com uma vitória sem baixas. Os bastidores, os treinamentos e origens, só foram mostrados bem depois.
Surpreendentemente ótimo

Nos filmes a ordem foi mantida. Em 2000 tivemos a estreia dos mutantes na telona. Já como equipe estabelecida. Um bom filme que foi um dos responsáveis, junto com Blade e Homem Aranha, pela onda atual de adaptações de HQ’s para o cinema.

Agora, vários anos depois, a Fox quis reiniciar a franquia, voltando e contando as origens da coisa. Como tudo aconteceu, como se criou a amizade e o que fez com que os dois protagonistas da história se afastassem.

Sinopse: Anos 60. Charles Xavier (James McAvoy) é formado em teologia e filosofia e realiza um trabalho de pós-graduação junto às Nações Unidas. Na universidade de Oxford ele conhece Erik Lehnsherr (Michael Fassbender), filho de judeus que foram assassinados pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. Erik apenas escapou graças ao seu poder mutante de controlar metais, que permitiu que fugisse para a França. Ao término da guerra, Erik passou a trabalhar como intérprete para a inteligência britânica, ajudando judeus a irem para um país recém-fundado, hoje chamado Israel. Charles e Erik logo se tornam bons amigos, mantendo um respeito mútuo pela inteligência e ideais do outro. Em 1965, Charles decide usar seus poderes psíquicos para ensinar jovens alunos mutantes a usarem seus dons para fins pacíficos. Nasce a Escola para Jovens Superdotados, gerenciada pelos dois amigos.

Confesso que quando soube da ideia de filmar esta premissa, as origens, achei que seria interessante. Mas aí veio o X-Men Origens: Wolverine e a coisa ficou feia. A história era fraca e o desenvolvimento inexistente. Foi apenas um apanhado de personagens jogados em situações inexpressivas, apenas para termos algumas cenas de ação que ficaram abaixo da crítica. Depois disso, fiquei com medo do que poderia ser este filme, A Primeira Classe.

Mas eis que Bryan Singer, agora fora dos planos da Warner para os novos filmes de Superman, retorna à Fox e ao Universo Mutante que ajudou a criar com os primeiros 2 filmes. Que foi um crescendo, bom no primeiro, excelente no segundo. Aí comecei a acreditar mais no projeto, mas mesmo assim, com um pé (as vezes os dois) atrás. Principalmente quando foram divulgados os primeiros cartazes e imagens do filme. Por vezes tínhamos a impressão de que seria mais um Wolverine para enterrar de vez a caminhada dos mutantes em Hollywood.

Pois bem, finalmente assisti ao filme e ele é surpreendentemente bom. Excelente na verdade, talvez o melhor de todos os X-Men. História coesa e muito bem amarrada, entremeada em fatos históricos relevantes ao período em que acontecem as aventuras narradas. Ótimo desenvolvimento dos personagens, interações geniais e até mesmo os coadjuvantes são levados em consideração e ganham cenas que não visam apenas ser decoração ou escape fugaz para as cenas mais dramáticas, elas, as cenas, são verdadeiras homenagens a estes personagens e ao período vivenciado. As cenas de Magneto com os nazistas são incríveis. Muito bem realizadas, principalmente a marcante sequência onde ele descobre o que a raiva pode fazer, ou a cena anos mais tarde quando demonstra seu poder ao destruir um navio. Brilhante.

Os atores principais estão a vontade nos papéis e suas cenas são as melhores de toda a projeção. Em momento algum estão inferiores às interpretações de Patrick Stewart e Ian McKellen nos filmes anteriores. Os diálogos são pontuados por respeito mútuo e transparecem os debates raciais da época, mas aqui com os mutantes como tema. Aceitação é a palavra de ordem no filme. Aceitação dos mutantes pela sociedade em muitas partes, mas principalmente aceitação dos mutantes por si mesmos, e a frase repetida algumas vezes durante o filme, “Mutante e com orgulho” encontra amparo em cenas, ações e sequências que nos lembram da fase áurea de Chris Claremont nos roteiros que conquistaram toda uma geração de fãs, eu entre eles. O clímax do filme, com a tensão gerada próximo a ilha de Cuba, com a crise dos mísseis é, desde já, uma sequência inesquecível, com efeitos especiais dignos de Oscar e um desfecho que amarra a história com os demais filmes de forma harmônica e nos deixa com a vontade de revê-los em sequência para conferir o encaixe perfeito.

Está certo que nem tudo é perfeito e o respeito pela cronologia dos quadrinhos não foi considerado. Muitos mutantes escalados para aparecerem no filme sequer haviam nascido na época em que estes fatos aconteceram nos quadrinhos, mas isso em nada estraga o filme. Com certeza são personagens que não poderiam ser aproveitados em um filme com os X-Men consagrados e famosos, mas que aqui encontram espaço para além de simplesmente decorarem o filme, para brilhar em alguns momentos e terem profundidade e caráter.

Sebastian Shaw é um terceiro coadjuvante trazido ao filme que poderia tornar o desenrolar da história ainda mais perto de fracassar, mas isso não acontece em momento algum. Além de Kevin Bacon dar um acréscimo positivo ao filme, seu personagem é um contra-ponto essencial à trama e ainda entrega uma excelente interpretação, mostrando a segurança e habilidade com que o diretor e a equipe criativa estavam envolvidos com o filme. Possui humor, referências, drama nos momentos certos e cenas de ação grandiosas que prometem agradar a todos os públicos. Desde o fã que coleciona as HQ’s e conhece cada detalhe da cronologia, até o incauto espectador que vai ao cinema apenas para apreciar um bom filme. Ninguém sairá decepcionado. O filme consegue o que parecia impossível. Agrada a todos e aquilo que começou com receio e medo de fracasso se tornou, talvez, o melhor filme da franquia.

Ah! Quase ia esquecendo. Há uma participação superespecial. Rápida, mas marcante, capaz de arrancar aplausos da platéia no meio do filme, mesmo não durando mais do que 5 segundos. E totalmente crível com a  mitologia e cronologia dos filmes e quadrinhos.

Com certeza, assim que for lançado em alta definição, assistirei novamente. Afinal, um filme que leva uma nota 9 deve ser visto com a melhor qualidade possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário