domingo, 25 de setembro de 2011

Lanterna Verde

Algumas das vezes quando eu acerto um palpite, gostaria de estar errado.

Foi assim com o filme do Lanterna Verde. Desde que surgiu o rumor de que seria levado as telas, foi o filme no qual eu menos apostei. Desde o início eu achei que ele seria o super-herói que menos funcionaria na telona. Em boa parte devido ao seu complexo “universo” que careceria de consistência. E o problema não é ser ele um patrulheiro estelar, ou ter superpoderes. A meu ver os construtos do anel funcionam apenas nos quadrinhos, no máximo em um desenho animado.  Mas em um live action seria muito a se exigir do público que um objeto pequeno como um anel possa criar um carro e uma pista de corrida ou mesmo dois jatos supersônicos verdes que funcionem de verdade. Mesmo aceitando o tom fantasioso do filme, isso, mesmo para mim que cresci lendo quadrinhos, é forçar a barra.

Sinopse
Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um audacioso piloto de aviões que foge de qualquer responsabilidade. É assim que mantém a amizade com Carol Ferris (Blake Lively), colega de infância e também piloto, que está prestes a assumir o comando da empresa do pai. Hal e Carol tiveram um caso no passado, que não seguiu em frente por causa dele. Um dia, a vida de Hal muda ao ser envolto em uma redoma verde e levado até um alienígena prestes a morrer, chamado Abin Sur (Temuera Morrison). O extraterrestre lhe entrega um estranho anel e diz que ele foi escolhido, além de alertar sobre as responsabilidades de possuí-lo. Ao usá-lo Hal torna-se o Lanterna Verde, tendo condições de moldar a luz verde da forma como sua imaginação permitir. É apenas o início da jornada do herói, que viaja até o planeta Oa para aprender a usar suas novas habilidades e tem como grande teste o temido Parallax.

Logo no começo do filme, somos apresentado à história dos Guardiões e da Tropa dos Lanternas Verde, bem como acabamos conhecendo nossos personagens e seus dramas. A primeira metade do filme me surpreendeu. Foi muito bem amarrado, com efeitos especiais excelentes. Quando assisti ao primeiro trailer do filme, eu imaginei que teríamos um Lanterna Verde emborrachado como o Hulk do filme de Ang Lee. Porém do primeiro trailer até chegar ao filme, os efeitos avançaram, e muito. Ficou muito bem feito.

Esta primeira metade do filme quase, eu disse quase, me fez queimar a língua. A história estava sendo muito bem pavimentada para os atos finais do filme. Mas infelizmente o diretor perdeu a mão daí em diante.

Tudo o que ele prometeu na primeira parte do filme, não foi concretizada na segunda metade. Em parte devido à história fraca e a péssima escolha de vilões. Quem lê quadrinhos sabe do que estou falando.

O ponto alto do filme foi mesmo a caracterização, os efeitos especiais,  o Planeta OA e a transposição dos Guardiões para o cinema.

Mas se no design, na qualidade da computação gráfica, na adaptação da mitologia do personagem e na seleção de elenco o longa agrada, o mesmo não pode se dizer da história. Preocupados com a complexidade do universo que deveriam apresentar e em como torná-la mais palatável ao grande público (a abrangência é a maior preocupação do cinema comercial hoje), os produtores optaram pelo caminho da adequação formulaica da narrativa. Não seria um problema grave se isso fosse realizado impecavelmente, mas Hal Jordan, o personagem central, que guia toda a história, carece de lógica.

O herói é apresentado como o melhor piloto de provas da Ferris Aeronáutica, um que desafia a todo instante seus medos - tema central do filme -, mas a memória do pai, morto em um acidente durante um teste, é a barreira entre Hal e o que ele pode se tornar, o homem que pode ser. O problema é que isso é trabalhado com mão extremamente pesada pelo roteiro. Os conflitos de Hal ficam apenas na superfície e não fazem muito sentido (por que ele não teme voar até perder o controle mas tem medo de puxar a alavanca do assento ejetor?)

O texto cria as situações de conflito para resolvê-las com falatório. Hal Jordan deixa a Tropa em Oa de maneira um tanto inexplicada e incoerente com sua apresentação e, ao invés de aprender lições sobre amadurecimento e responsabilidade a seguir (cadê o assassino do Tio Ben quando precisamos dele?), simplesmente ouve da ex-namorada, Carol Ferris, em uma sequência tediosa, o que precisa para seguir adiante. Sermão de auto-ajuda super-heróica. Essa solução é repetida algumas vezes, com a obviedade do discurso sobrepujando-se aos recursos do cinema. 

De qualquer maneira, existe o que salvar aqui. O universo está criado, há bons personagens estabelecidos e o gancho ao final é emocionante para qualquer fã. Há futuro para o Lanterna Verde no cinema. Basta que um diretor mais interessado na obra original assuma o cargo. Pena que o estrago já foi feito... e não foi pequeno em termos de bilheteria. O filme mal conseguiu alcançar seu custo de produção, mesmo considerando a bilheteria total ao redor do mundo.

Leva uma nota 6.

Release baixado: green.lantern.2011.dvdrip.xvid-amiable

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