quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Looper – Assassinos do Futuro


Nada como estar em casa, de férias, após um passeio com a família e com tempo para começar a por em dia a lista de filmes que tenho para ver. Com a bendita ajuda da mid-season (o intervalo das séries nos EUA), a tarefa fica um pouco mais fácil.

Na tarde de ontem assisti a este filme que foi surgindo quase como um desconhecido, sem muito alarde, mas que se revelou uma grata surpresa.

Sinopse:
A trama se passa em 2044 e acompanha Joe (Joseph Gordon-Levitt), que tem por tarefa eliminar os condenados da máfia enviados do futuro. Ele é um looper, muito bem pago pelo serviço, mas também com um preço a pagar: pode viver por 30 anos, após este período será caçado pela máfia e enviado ao passado para ser morto por sua versão mais nova – este é o loop, ou fim de ciclo, para cada um dos assassinos. Só que a versão mais velha de Joe (Bruce Willis) se recusa a aceitar a morte passivamente e consegue escapar ao retornar ao passado. É o início de uma perseguição insólita, onde o Joe do presente (Gordon-Levitt) deseja matar o do futuro (Willis) para garantir seu futuro, enquanto que o do futuro não pode eliminar o do presente, já que isto acabaria com ele próprio, mas precisa agir para evitar que, no futuro, seja capturado e enviado ao passado. Confuso? É assim mesmo.

Apesar de meio confuso, o filme não se dispõe a ser didático a este respeito, o que acaba sendo uma vantagem, já que muitos filmes se perdem quando entram nestas questões científicas e tentam adaptá-las para a sua finalidade. Aqui a ordem é: aceite as sugestões e curta o filme. O que acaba funcionando muito bem e nos impede de tentar decifrar paradoxos temporais.

A primeira hora de filme é digna de um belo filme de ação. Ágil, eletrizante, com sequências ótimas de perseguição, e com uma trama realmente interessante de se acompanhar. Além da criativa sacada de vermos a mesma pessoa se observando no passado, que garante uma das melhores sequências do filme.

Porém, a partir do momento que a personagem de Emily Blunt surge na história, é como se outro filme tivesse começado. Um filme lento, com um foco muito maior nos conflitos psicológicos dos personagens, contrastando de forma até radical com o início.

É claro que uma mudança de ritmo, e até de estilo dentro do mesmo filme não é necessariamente algo problemático. Porém, aqui é quase que natural sentir uma espécie de frustração pela mudança radical em uma história que estava dando muito certo.

Mas vamos com calma. Não quero dizer que esse momento é ruim, apenas é menos interessante do que a história que acompanhamos no início.

Depois disso, surge o terceiro ato do filme, que definitivamente consegue ser ainda mais diferente do que as outras partes. Surge uma questão meio que sobrenatural, que é falada de forma superficial na primeira parte, mas que domina completamente a história, e dita o que veremos dali em diante.
Eu sou você, amanhã!

Aviso: “Alguns spoilers no parágrafo abaixo...”
Acredito que o problema desse momento é que vimos uma história que tinha os pés na realidade (apesar das viagens no tempo, que é um elemento que assumimos para compreender a história), e de repente surge algo que parece uma grande forçada de barra. Fica muito difícil não ver as questões sobrenaturais do garoto como falhas grotescas de roteiro, sendo utilizadas como muletas para poder explicar certas coisas que seriam difíceis do público compreender. Além disso, creio que a direção de Rian Johnson (que também escreveu o roteiro) em cima do menino foi equivocada. Ele pode parecer tudo, menos uma criança. Parece que a personalidade pensada para ele foi feita para chocar, ou coisa parecida. Mas a única coisa que fica é uma atuação bem exagerada, que chega a ser risível em alguns momentos, como quando ele mata o homem que se passava por policial, ou no momento em que os dois Joes, Sara e ele estão no campo, no final do filme, em momentos que nos fazem lembrar o filme de Brian de Palma, Carrie – A Estranha (1976). Fim dos spoilers.

O trio principal do filme apresenta um bom trabalho, com destaque para o inconsequente Joe de Joseph Gordon-Levitt, que carrega o filme com tranquilidade em sua primeira parte, e mostra que o ator já pode ser considerado um dos grandes nomes da atual Hollywood. Sua caracterização como Bruce Willis é fantástica e em muitos momentos percebemos as manias e trejeitos de um no outro. Algo realmente de uma qualidade muito boa. Claro que a maquiagem ajuda, mas as caras e bocas que ela faz são puro Bruce Willis. Merece parabéns pela atuação.

Confesso que quando o filme chegou ao fim, não sabia dizer se gostei ou não do que acabara de ver, pois pelo menos comigo, me pareceu um filme que tem um começo memorável e um final que… divide opiniões. Mas Looper é indiscutivelmente um trabalho que merece ser visto, e que com certeza causará opiniões diversas.
E isso não é uma das melhores coisas que a arte pode proporcionar?

Nota 8,5.

Release baixado: Looper.2012.720p.bluray.x264-sparks

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