sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Nova Série: Person of Interes

Primeiro episódio desperta interesse num universo intrigante muito próximo da realidade

Em “1948“, o escritor George Orwell pintou um mundo dominado pelo totalitarismo, numa espécie de big brother lunático do mundo. A sensação de estar sendo vigiado sistematicamente durante 24 horas por dia representa o que um governo que detém o poder e a tecnologia necessários podem fazer com a vida de um cidadão comum: fim da privacidade, fim da liberdade, fim a individualidade.

Mais ou menos nestes moldes, estreou nesta semana a série americana “Person of Interest”, do mesmo criador da série “Lost“, que novamente pinta o mundo sob o véu de uma teoria da conspiração, só que desta vez, porém, sem fatos sobrenaturais carregados de misteriosa ficção, e sim de premissas mais plausíveis.

Quem detém o papel principal é o excelente ator Jim Caviezel, que após o sucesso “A Paixão de Cristo” sumiu do cinema, jamais atuando em personagens a altura de sua capacidade dramática. Fora seu talento, detêm todos os atributos para levar uma série de sucesso, como beleza e charme. Junto com ele, seu braço direito, será Michael Emerson, o Ben da série Lost, outro excelente ator.

Ingredientes dramáticos a parte, vamos a trama. Caviezel é John Reese, um sujeito desafortunado e desiludido da vida. Ex-agente de operações especiais, perdeu o amor de sua vida. Vivendo niilisticamente como um mendigo, literalmente, é encontrado por Finch (Emerson), um homem de poder que curiosamente sabe quais pessoas serão mortas nos próximos dias, numa espécie de lista. Eis o recheio do bolo. Se você foi convencido a assistir a série até aqui, coisa que eu duvido muito, não precisa continuar, pois vou contar todo o episódio. Entenda, isso será necessário.

Finch desenvolveu um programa após o atentado do 11 de Setembro, que tem a capacidade de identificar potenciais atentados terroristas com precisão. No entanto, para seu espanto, o programa também conseguiu localizar potenciais assassinatos em qualquer situação. Pode ser eu, você e qualquer outra pessoa. O governo americano possui câmeras e microfones espalhadas por todos os cantos sendo capaz de saber de tudo sobre tudo. Numa era de tecnologia como a nossa que se alguém ficar por algumas horas impedido de atualizar seu perfil no Facebook corre sérios riscos de vida, a teoria não é tão distante da realidade. Mas tem mais.

Apesar de identificar as potenciais mortes, não dá para saber se a pessoa será a vítima ou o assassino, sabe-se apenas que ela está envolvida diretamente. Após criar o programa, Finch foi suspostamente afastado, já que não concordava com a maneira que as decisões eram tomadas. Os potenciais terroristas ou serial killers eram tratados como relevantes e apareciam na lista de prioridades. Por outro lado, os demais casos que envolviam poucas mortes, eram relegados a lista dos irrelevantes, deletados do banco de dados no término do dia. Segundo Finch, tais mortes lhe tiraram a paz e daí sua iniciativa para salvar algumas vidas de forma independente.

Tal universo pode ser muito bem explorado e promete uma série interessante, uma novidade neste mundo de temas repetitivos e séries intermináveis, algumas delas já na temporada 215, após diversas trocas de atores que cansaram antes do público. Se for algo no estilo Orwell e seu mundo questionando a liberdade num estado paternalista, teremos algo em que pensar, desta vez não num governo de esquerda, mas democrático. Não que não haja críticas ao governo. Os neoliberais vão adorar.

O termo “Person of Interest”, numa tradução livre, Pessoa de Interesse, é utilizado pela policia americana para classificar potenciais terroristas. Ele foi cunhado justamente após o 11 de setembro. Nada mais atual neste século XXI. Resta saber se a série vai manter o fôlego e cair no gosto do público. Recursos para isso não faltam. No Brasil, a partir do mês de outubro, pela Warner Bros.


Release baixado: Person.of.Interest.S01E01.HDTV.XviD-ASAP

Nenhum comentário:

Postar um comentário