quinta-feira, 28 de maio de 2020

A saga de escolher uma TV nova

Este modelo foi meu sonho de consumo anos atrás...
Em um passado remoto, nos idos dos anos 80 e 90, escolher uma TV nova para casa era uma tarefa bem simples. Basicamente se trocava a TV de casa quando ocorria algum problema sem possibilidade de conserto, ou se desejasse aumentar o tamanho de alguma existente ou ainda para adicionar outra em algum outro cômodo da casa, que era raro na época. Elas nos atendiam plenamente e duravam quase que uma vida inteira.

Após a década de 70, quando chegaram as TV’s a cores no Brasil, a substituição era por algum dos motivos expostos acima, e em alguns casos para finalmente adquirir uma TV em cores, pois quando essas chegaram ao Brasil eram extremamente caras.  Afinal, como toda tecnologia nova e recente, ela tinha o seu preço a ser cobrado.

Tecnologia essa que nunca mais parou de inovar, a cada período com uma velocidade maior, que para a grande maioria das pessoas se torna praticamente impossível de ser acompanhada. Seja pela velocidade das inovações, seja pelos preços cobrados ou simplesmente por não ser fácil conhecer e entender a “sopa de letras tecnológica” que são nos apresentadas em cada anúncio de uma TV nova que chega ao mercado.
LG Oled C9 uma das tops

Fenômeno semelhante eu testemunhei nos anos 90 e 2000 quando a informática passou a se movimentar com inovações freqüentes, nas mais variadas frentes, de games a acessórios. Como eu trabalhava com tecnologia na época, para mim, era fácil conhecer os termos e estar sempre atualizado, tendo orientado inúmeros amigos, colegas e empresas a fazer investimentos e melhorias na área. Bons tempos esses. Hoje, com a predominância dos celulares e notebooks, os computadores se tornaram produtos simples de comprar, ficando o usuário expert que escolhe as peças e configurações classificados em alguns nichos, como os gamers e alguns outros mais específicos.

Por outro lado, a Televisão, de uma escolha que era apenas de tamanho ou cor (nos anos 80) e se a tela seria plana ou côncava (nos anos 90), se tornou uma escolha tão complicada hoje em dia, quanto à compra de um computador na virada do século. Tão complicada que muitas pessoas acabam ficando com medo de fazer uma compra errada de um produto muitas vezes de preço elevado.

Mas tentarei ajudar e simplificar as escolhas a seguir.

Para começar sua busca e encontrar a melhor opção se faz necessário definir 3 critérios essenciais que irão auxiliar muito a escolha. São eles:

1 – Principal finalidade e conteúdo que vai assistir nesta TV;
2 – Tamanho desejado;
3 – Orçamento;

Ao final da busca, a TV ideal será aquela que conseguir mesclar esses três critérios de maneira mais uniforme, dando prioridade aqueles com maior importância em cada perfil de usuário. Para auxiliar a chegar neste denominador comum, vamos falar sobre cada um deles e como cada um pode influenciar na escolha ideal.

Ao definir a principal finalidade da TV, temos a nossa tarefa facilitada, pois com ela podemos eliminar uma série de opções que se oferecem na mídia que nos bombardeia com inúmeras opções e ofertas pagas, assim que se começa a pesquisar sobre aparelhos de TV nas redes sociais, Google e lojas online.

Se a principal finalidade for assistir a TV aberta ou mesmo TV por assinatura, por exemplo, de imediato podemos eliminar as opções mais caras do mercado. Pois apesar da evolução tecnológica constante, a principal função de uma TV é mostrar imagens e sons, o que qualquer TV atual consegue fazer. Para esta função você não precisa de uma TV cheia de recursos, tais como 4K, HDR, 3D, inteligência artificial, entre outras. De saída descartamos a necessidade de uma TV com tecnologia 4K, pois não temos nenhum canal aberto hoje no Brasil que transmita com esta tecnologia. Mesmo na TV paga existe uma oferta muito limitada de canais com conteúdo em 4K, inclusive no exterior. Aqui no Brasil tivemos apenas 2 canais que exibiam conteúdo em 4K e que não estão presentes nas empresas mais conhecidas, como NET, SKY, VIVO ou Oi. Justamente por isso, não se ouviu mais sobre estes canais que possivelmente foram descontinuados.
Samsung Q80R

Já se a sua intenção for assistir conteúdos com maior qualidade de imagem, como transmissões em Ultra HD, você precisará de uma TV 4K e com tecnologia Smart. Já que esses conteúdos somente são encontrados com facilidade na Netflix, Prime Vídeo e Youtube. Eventualmente alguns canais fazem transmissões especiais e esporádicas em 4K, como o SporTv durante a Copa do Mundo de 2018 e o Multishow durante o Rock in Rio e alguns outros Shows, porém apenas a NET possui planos 4K para assinatura e conteúdos em 4K no NOW. A Oi fez apenas exibição para convidados e clientes selecionados em poucos lugares. Outra opção para assistir conteúdos em 4K é baixar da Internet o conteúdo neste formato e armazená-los em um HD portátil para conectar na TV. Essas limitações de conteúdo também se devem a tecnologia que permitiu filmes em Blu-ray 4K não ter sido lançada no Brasil, estando disponíveis apenas através de importações, que devido ao dólar alto se tornam inviáveis devido aos altos custos.

Já a utilização e aproveitamento de games em 4K hoje em dia é a função que exige uma TV mais preparada e equipada com as mais recentes tecnologias, fazendo jus à compra de um televisor 4K de última geração e de grandes tamanhos que irão entregar toda a tecnologia e qualidade prometida nos consoles de última geração.

O que já começa a nos levar para os outros 2 critérios. O tamanho da TV atualmente é uma escolha mais pessoal do que técnica, visto que as famosas tabelas de relação de distância e tamanho de TV que circulam pela internet são bastante variáveis e se adaptam a qualidade do conteúdo. De maneira que a distância recomendada para um conteúdo de qualidade HD, não é a mesma para assistir conteúdos FullHD ou UHD (UltraHD 4K).
Sony XBR-X955G outra das top

Assim, também podemos deixar claro que televisores de 32 polegadas, em sua esmagadora maioria são produzidos com qualidade apenas HD, com resolução de 1366x768. Aonde os números acima se relacionam com a quantidade de pixels contados na horizontal e na vertical da TV, respectivamente. Como a imagem é formada por pixels, quanto maior a resolução (quantidade de pixels), menos defeitos e imperfeições se notará na imagem.

Já a resolução FullHD (1920x1080) é normalmente encontrada nas TV’s com tamanho a partir de 40 polegadas. É a qualidade de imagem utilizada na maioria das transmissões de canais em alta definição, nos filmes e séries em Blu-ray. Devido a sua alta qualidade de imagem, é possível assistir TV’s com conteúdo nesta resolução a uma distância menor, permitindo nos posicionar a cerca de 2m da TV com uma tela de 43” ou até de 50”.

A resolução UHD ou 4K (3840x2160), apesar de poder ser encontrada em televisores de 40 polegadas em diante, somente será melhor percebida em tamanhos de tela a partir de 55 polegadas. Para poder notar a diferença entre uma imagem em FullHD e outra em 4K em telas menores do que 55”, requer que o telespectador esteja muito mais próximo da TV, com uma distância máxima de até 1,5m. Já as imagens em 4K em uma tela de 55” podem ser assistidas a uma distância de 2m sem causar qualquer fadiga visual, devido a sua alta qualidade e quantidade de pixels, que nos impede de notar os defeitos na formação das imagens.
Comparação do tamanho das imagens em pixels.

Assim, uma pequena dose de bom senso nos permitirá decidir o tamanho ideal de TV para cada ambiente.

Já o último critério, preço, nos permitirá escolher a melhor televisão com a maior quantidade de tecnologias relevantes que poderemos comprar. Afinal, existem TV’s de tamanhos equivalentes, com tecnologias semelhantes, que chegam a custar até 3x mais do que outro modelo, às vezes da mesma marca. Alguns modelos de alta qualidade com 55" chegam a custar mais de R$ 4.000,00 enquanto outros, bem maiores podem passar dos R$ 100.000,00.

Entre as tecnologias embarcadas nos televisores e que interferem diretamente no preço podemos destacar, e resumir, as elencadas a seguir:

- Pixel. É o menor elemento em um dispositivo de exibição (por exemplo, um monitor), ao qual é possível atribuir-se uma cor. De uma forma mais simples, um pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital, sendo que um conjunto de pixels com várias cores formam a imagem inteira.
Visual das imagens ao serem vistas de perto

- Tecnologia 3D. Hoje não são mais encontrados modelos novos a venda no Brasil, sendo que sua produção tem sido descontinuada ao redor do mundo devido a inúmeros fatores. Se você gosta de imagens em 3D, cuide de sua TV que possui o recurso ou procure em vendas de usados. Não existem transmissões em 3D, portando a única possibilidade de assistir este conteúdo na TV é com filmes em Blu-ray com esta tecnologia. Logo além da TV terá de possuir o reprodutor de Blu-ray compatível com a tecnologia 3D e os óculos que costumavam acompanhar tais TV’s.

- LED. Cerca de 95% das TV’s encontradas a venda hoje no mundo utilizam a tecnologia LED que evoluiu do LCD e eliminou as telas de Plasma que existiam anos atrás. Existem muitas variações de LED, desde as tradicionais LCD, como as que possuem tecnologias de aprimoramento como as QLED da Samsung, Triluminos da Sony e Nanocell da LG que permitem entregar uma qualidade maior de cor e brilho. Todas elas são LED que utilizam a tecnologia de pontos quânticos, por mais que o marketing das empresas tente vendê-las como se fossem uma tecnologia nova (especialmente o da Samsung). Apenas possuem alguns aprimoramentos que cobram o preço (alto) da evolução e entregam imagens melhores.

- OLED. O Oled também é uma evolução do LED, porém diferente em sua constituição, utilizando outros materiais que permitem um maior contraste. É a tela que permite as melhores qualidades de imagem por ser a única capaz de apresentar o preto absoluto, coisa que as LED não conseguem. Porém a Oled possui duas desvantagens em relação às LED: menor capacidade de brilho e a possibilidade de sofrerem o famigerado efeito burn-in (uma imagem estática ficar gravada ou “queimada” na tela para sempre). Como apenas uma pequena parcela de fabricantes utiliza esta tecnologia em pouquíssimos modelos à venda, o seu preço costuma ser maior que o das melhores telas de LED.

- Frequência (refresh-rate). Indica quantas vezes por segundo a tela do aparelho é atualizada. Informação que a maioria das pessoas não conhece ou sequer leva em consideração no momento de comprar uma TV. Quanto maior a freqüência, medida em hertz, melhor a TV irá lidar com imagens em movimento rápido, como jogos esportivos ou filmes de ação, eliminando rastros de imagem e o chamado efeito “blur”. A maioria dos televisores possui freqüência de 60hz, sendo que as melhores possuem freqüência de 120hz. Essa tecnologia pode ser nativa (ideal) ou simulada por software, que não alcança o mesmo efeito, sendo apenas um paliativo, que os fabricantes vendem com números cada vez maiores. Portanto procure descobrir a frequência real, ou nativa, do painel de TV.
Comparação de diferentes frequências e seu visual

- Tecnologia Smart. A maior parte das TV’s hoje possui a tecnologia Smart, que as transformam em verdadeiros centros de integração multimídia, possibilitando o acesso à internet e a serviços online através de aplicativos (app). Cada fabricante costuma escolher o seu tipo de interface, sendo os mais conhecidos o WebOS da LG, o Tizen da Samsung e o AndroidTV na Sony. Fabricantes menores costumam licenciar tecnologias mais “baratas” ou versões desatualizadas do Android, que deixam a navegação pelo controle remoto e a usabilidade da TV prejudicadas. Nesta questão, o ideal é ir até uma loja e pedir para testar a funcionalidade dos sistemas, até encontrar aquele que mais lhe agradará.
Android TV na Sony

- Local Dimming. Todos os painéis LED são retro iluminados*. A forma como isso é feito pode tornar uma TV melhor e bem mais cara do que outra. Existem basicamente dois tipos de retro iluminação: Edge-Lit e FALD (Full Array Local Dimming). Sendo que a principal diferença é como eles podem escurecer e iluminar partes da tela. As telas Edge-Lit (mais econômicas) possuem iluminação apenas nas bordas da tela, tendo menos qualidade de iluminação e escurecimento, aonde o preto na verdade é um cinza escuro; enquanto as telas FALD possuem iluminação por zonas em toda a traseira do painel, tendo muito mais qualidade no escurecimento (se aproximando da qualidade das telas OLED) e no brilho superior da tela em imagens mais claras. O HDR real somente pode ser alcançado por telas FALD. Muitos fabricantes anunciam tecnologia HDR até mesmo nas suas TV’s mais econômicas, sem a tecnologia FALD, o que acaba virando apenas marketing, sem resultados reais. Abaixo destaco duas imagens que comparam as telas em questão exemplificando como são feitas as iluminações (os LED que se acendem ou apagam) em cada tecnologia.

* Nos painéis OLED cada pixel possui brilho próprio que muda de cor ou se desliga para exibir a cor preta, o que resolve este problema.
Diferença entre painéis



Formas de iluminação em painéis


- HDR (High Dynamic Range ou alto alcance dinâmico). O HDR é um recurso desenvolvido para que dispositivos eletrônicos gerem ou reproduzam imagens que apresentem cores mais vivas, com melhores níveis de contraste, tons claros com mais brilho e tons pretos mais escuros. A idéia, portanto, é que uma tela com suporte a esse padrão, exibindo imagens com HDR, vá apresentar um resultado muito mais bonito esteticamente e com cores mais vivas e próximas à forma pela qual os olhos as veem naturalmente. O HDR funciona preservando detalhes de cor na imagem que, do contrário, acabariam perdidos nos padrões atuais de conversão de imagem. Além de a TV possuir essa capacidade, o conteúdo a ser reproduzido também deve ter sido produzido atendendo a estas especificações, permitindo que ao reproduzir a imagem a tecnologia altere os padrões de cor, brilho e contraste independente da calibragem que você aplicou à TV.

- HDMI ARC (Audio Return Channel). É a capacidade da conexão HDMI efetuar o caminho inverso. Ou seja, ao invés de apenas levar a imagem e o som de um dispositivo para a TV, permite que a TV envie áudio de volta, pelo mesmo cabo. Com isso é possível, por exemplo, ao ligar um Xbox à TV através de um cabo HDMI, a TV recebe a imagem e o som como seria o normal, porém através da porta HDMI ARC ela consegue enviar o som recebido para um dispositivo externo, como uma soundbar ou um Home Theater, diminuindo a quantidade de cabos e fios conectados na TV. O mesmo pode ser feito com o som da TV paga ou de outra fonte.
Conexão HDMI com tecnologia ARC

Além das tecnologias acima também procure verificar a quantidade de entradas HDMI para lhe atender, evitando assim a necessidade de ter de ficar conectando e desconectando equipamentos da TV a cada utilização. A maior parte dos equipamentos mais recentes utiliza as entradas HDMI para se conectarem com alta qualidade às TV’s, tais como vídeo-games, decodificadores de TV paga, DVD’s, Blu-rays, etc. A existência de entradas USB também facilitará a conexão de outros periféricos, como pendrives, que lhe permitirão ver fotos e vídeos pessoais com maior facilidade.

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